CGTRAE promoveu 582 operações de fiscalização e garantiu R$ 12,5 milhões de verbas trabalhistas pagas nos resgates
Em 2023, primeiro ano do governo Lula, o Brasil bateu dois recordes no combate ao chamado trabalho escravo contemporâneo: a Coordenação-Geral de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Análogo ao de Escravizado e Tráfico de Pessoas (CGTRAE) promoveu 582 operações de fiscalização e garantiu R$ 12,5 milhões de verbas trabalhistas pagas nos resgates.
Ao todo, o órgão federal – que é ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego – flagrou e retirou 3.151 trabalhadores dessas condições ao longo do ano. A informação foi divulgada terça-feira (2) pelo colunista Leonardo Sakamoto, do UOL. De acordo com o autor, o número de trabalhadores resgatados é o maior desde 2009.
“Com isso, o país ultrapassou 63,4 mil trabalhadores flagrados desde a criação dos grupos especiais de fiscalização móvel, base do sistema de combate à escravidão no país, em maio de 1995. A totalização está passando por revisão e pode oscilar para cima”, afirmou o jornalista.
Dos mais de 3 mil trabalhadores, 300 foram flagrados no cultivo de café, 258 no plantio de cana-de-açúcar, 249 na limpeza e na preparação da terra e 210 no cultivo de uva. Os estados com mais resgatados foram Goiás (735), Minas Gerais (643), São Paulo (387) e Rio Grande do Sul (333).
Sakamoto lembra que o caso de maior repercussão ocorreu em fevereiro, quando uma operação resgatou 208 trabalhadores da escravidão contemporânea em Bento Gonçalves (RS), na serra gaúcha. Recrutados por uma empresa terceirizada, a Fênix, para trabalhar na colheita de uva, eles prestavam serviço para as vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton.
Além de viverem num alojamento precário cedido pela Fênix, os trabalhadores recebiam remunerações baixíssimas, não tinham direitos básicos e ainda eram torturados. O resgate em Bento Gonçalves foi o maior já registrado no Sul do País e no cultivo de uva.