Por Ricardo(Big) / Eneida Koury
A fusão do Itaú com o Unibanco cria o maior banco do Brasil, do Hemisfério Sul e o 17º maior do mundo, por valor de mercado. Fato que os capitalistas estão comemorando como a grande jogada para fortalecer o sistema financeiro nacional em época de crise. Para nós trabalhadores esta fusão faz parte de uma política oligopólica que facilita a transferência dos recursos da população, através de juros altos e tarifas abusivas, para os banqueiros reduzindo significativamente o emprego para a categoria bancária no Brasil e em especial na Baixada Santista. Em 1988, em nossa região, existiam 7.379 bancários distribuídos em 45 bancos que foram incorporados por apenas quatro.
Hoje a quantidade de empregados está reduzida a apenas 3.461 bancários. Vamos relembrar: o Itaú engoliu os bancos Francês e Brasileiro, Banestado, Banerj, Bemge, BEG, BBA, Fiat, Bank of Boston e City Card e agora anuncia a fusão com o Unibanco que incorporou o Nacional, Dibes, Credibanco, Bandeirantes, BNL e Banorte. O Bradesco não ficou atrás, devorou os bancos BCN, Pontual, Baneb, Boavista, Mercantil de São Paulo, BCA, Banco Cidadão, BBV, Zogbi, BEM, BEC, Credireal, Alvorada, Excel, Econômico, Antônio de Queiroz, Crefisul e Banco Itamarati. O Santander comprou o Geral do Comércio, o Noroeste, o Banespa, o Meridional, o Bozano, o Real, o ABN Amro Bank, o Sudameris, o Holandês Unidos e o América do Sul. Por sua vez o HSBC ficou com o Bamerindus e Lloyds. Com a fusão Itaú/Unibanco aumenta a concentração bancária, 73% dos ativos financeiros (1,2 trilhão de dólares) ficarão com apenas cinco bancos: Itaú/Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Santander/Real e Caixa Econômica Federal.
O Sindicato dos Bancários de Santos e Região vem denunciando este desmonte da categoria já há algum tempo e tem conseguido barrar várias demissões, o que não foi suficiente para evitar esta situação, pois as demissões são feitas em doses homeopáticas. Inclusive este foi o tema central de nossa Campanha Salarial/2008. Esta política vem consolidando um verdadeiro oligopólio financeiro aqui no Brasil entre três setores bancários: dois grandes bancos privados nacionais (Itaú/Unibanco e Bradesco), dois grandes privados estrangeiros (Santander/Real e HSBC) e o setor público (Banco do Brasil, BNDES e Caixa Econômica Federal). A fusão Itaú/Unibanco abre uma corrida insana com o seu rival o Bradesco, que durante quase cinco décadas foi o maior, ele fará de tudo para incorporar, comprar ou mesmo fundir-se com outros para avançar na sua posição no mercado.
Neste momento de crise a concentração do sistema financeiro brasileiro é incentivada pelo Banco Central através da liberação do depósito compulsório para compra de ações. Como se não bastasse, o governo federal segue o mesmo caminho dos bancos privados, desviando-se do objetivo social transformando os bancos públicos em bancos de mercados que exploram a população, os trabalhadores, os micros e pequenos agricultores e empresários com juros exorbitantes, ou seja, os maiores do planeta.
E não pára por aí, a MP 443, que confere ao Banco do Brasil e a Caixa a faculdade de “adquirir participação em instituições financeiras, públicas ou privadas, sediadas no Brasil, incluindo empresas dos ramos securitário, previdenciário, de capitalização e demais ramos (…) além dos ramos de atividades complementares às do setor financeiro, com ou sem o controle do capital social””, conforme declaração do secretário de Política Econômica do Governo Nelson Barbosa “…. tem por objetivo dar liberdade para BB e Caixa participarem de operações de mercado que sejam viáveis pela lógica empresarial”.A população, os trabalhadores em especial os bancários só tem a perder com a grande concentração do sistema financeiro nacional.