O lucro dos cinco bancos públicos federais cresceu 72% no segundo trimestre de 2010 -de R$ 6,1 bilhões para R$ 10,5 bilhões- em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse foi o resultado mostrado pelo levantamento da Folha feito com base em dados do Banco Central.
No mesmo período, o lucro de 122 bancos privados avançou 26% -de R$ 13,8 bilhões para R$ 17,4 bilhões. Com isso, a diferença de ganho caiu pela metade em termos percentuais.
Para analistas, esse resultado reflete a estratégia dos bancos federais de manter o ritmo forte de liberação de crédito, mesmo após a crise de 2009, e o grande volume de recursos públicos injetados nessas instituições nesses dois anos.
Isso pode ser visto também no crescimento da carteira de crédito dos bancos federais, que foi praticamente o dobro do registrado entre as instituições privadas no período.
LIMITE
Os números mostram que essa expansão deixou as instituições federais novamente próximas do limite de mínimo de capital exigido pelo BC, o que levou à necessidade de novas capitalizações.
O Banco do Brasil, por exemplo, realizou em julho uma oferta de ações na qual levantou quase R$ 10 bilhões, com governo e investidores privados. A Caixa Econômica Federal recebeu R$ 8,5 bilhões do governo federal desde o final de 2009.
No caso do BNDES, houve a liberação de mais R$ 80 bilhões para aumentar os recursos para empréstimos.
Em relação aos ativos, o indicador mais usado para medir o tamanho das instituições, os bancos federais cresceram 30%, acima dos 12% do setor privado.
Se forem consideradas apenas as 79 instituições com controle nacional (excluindo os bancos estrangeiros que atuam no Brasil), os ativos públicos já superam os privados com uma folga superior a 10%.
Para o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, os bancos federais tiveram bons resultados, apesar de terem assumido riscos em 2009 para manter o crescimento do crédito.
Esse fator, somado à política de fortalecer empresas estatais, levou o governo a reforçar essa ação neste ano, com o repasse de mais recursos do Tesouro aos bancos, apesar da piora das contas públicas.
Como houve melhora no cenário econômico, e uma consequente redução nas provisões contra inadimplência, essas instituições obtiveram lucros ainda maiores neste ano.
Salles diz, porém, que não há como sustentar essa política por mais um ano sem levar a uma deterioração ainda maior das contas públicas.
“Até o fim de 2010, os bancos públicos vão manter o pé no acelerador, mas, em 2011, a fonte seca. O governo não tem fôlego fiscal para continuar injetando recursos nessas instituições. Em 2011, os bancos privados voltam.”
INFRAESTRUTURA
Segundo o economista Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating, a volta dos bancos privados ao mercado é fundamental para garantir o financiamento das grandes obras de infraestrutura, que incluem ainda os projetos da Copa do Mundo e da Olimpíada do Rio.
Isso dependerá, segundo ele, do sucesso do pacote que está sendo preparado pelo governo para desonerar e incentivar o crédito de longo prazo.
“Sem isso, podemos cair no problema de ter bancos públicos esgotados na sua capacidade de crescimento do crédito e bancos privados sem incentivo para dar recursos de longo prazo”, disse Santacreu.
O levantamento do BC também mostra que os cem maiores bancos do país lucraram R$ 24,7 bilhões no segundo semestre de 2010. No mesmo período do ano anterior, o lucro somou R$ 19,3 bilhões.
Se forem consideradas apenas as 79 instituições com controle nacional (excluindo os bancos estrangeiros que atuam no Brasil), os ativos públicos já superam os privados com uma folga superior a 10
Para o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, os bancos federais tiveram bons resultados, apesar de terem assumido riscos em 2009 para manter o crescimento do crédito.
Esse fator, somado à política de fortalecer empresas estatais, levou o governo a reforçar essa ação neste ano, com o repasse de mais recursos do Tesouro aos bancos, apesar da piora das contas públicas.
Como houve melhora no cenário econômico, e uma consequente redução nas provisões contra inadimplência, essas instituições obtiveram lucros ainda maiores neste ano.
Salles diz, porém, que não há como sustentar essa política por mais um ano sem levar a uma deterioração ainda maior das contas públicas.
“Até o fim de 2010, os bancos públicos vão manter o pé no acelerador, mas, em 2011, a fonte seca. O governo não tem fôlego fiscal para continuar injetando recursos nessas instituições. Em 2011, os bancos privados voltam.”
Fonte: f