Histórico
O Sindicato dos Bancários de Santos e Região foi fundado em 11 de Janeiro de 1933, agregando os funcionários de todas as entidades bancárias de Santos. A primeira diretoria foi empossada em 10 de Fevereiro de 1933, composta por: Reginaldo de Carvalho – presidente; José Silveira – secretário geral; Carlos Escobar Filho – 1º secretário; Cássio Amaral Rodrigues – 2º secretário.
A reunião que criou o Sindicato ocorreu nas dependências do Banco do Estado de São Paulo. A carta sindical foi concedida pelo Ministério do Trabalho em 04 de Julho de 1941. A primeira sede da entidade localizava-se à Rua XV de Novembro, nº 118, em local alugado. Com a aquisição de sede própria em 1962, passou a funcionar à Rua Riachuelo, 82 – 7º andar. A referida sede da entidade foi adquirida com financiamento efetuado pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários – IAPB. Foi o primeiro sindicato no país a receber tal financiamento, conquistado pela ação do presidente Antonio Guarnieri junto à Presidência da República, uma vez que possuía bom trânsito com membros do Partido Trabalhista Brasileiro.
Durante a gestão de Germano Melchert de Castro, em 1946, ocorreu à primeira greve nacional dos bancários, cujo objetivo era as condições dos bancários dos bancos privados aos do Banco do Brasil. Devido à greve houve intervenção em todos os Sindicatos do país. Em Santos, estava em curso a gestão de Nilo Pinto (1949-1951), com a intervenção assumiu a presidência Fortunato de Oliveira Martins, bancário que permaneceu no cargo de 1951 a 1953.
Em maio 1954, foi eleito presidente Antonio Guarnieri, do Banco de São Paulo. A entidade estava praticamente paralisada e desacreditada junto à categoria. O quadro associativo era reduzido, aproximadamente 200 associados, por causa da repressão policial. Guarnieri e seus companheiros de diretoria realizaram um trabalho de conscientização junto aos colegas. Os gerentes, geralmente, ameaçavam os dirigentes sindicais com prisão, mas aos poucos foram conquistando a confiança da classe. Guarnieri, que fora eleito por um mandato de dois anos, foi reeleito por seis mandatos.
Segundo Guarnieri, a principal conquista de suas gestões foi à reabilitação e reativação do próprio Sindicato. Além da retomada da credibilidade e ação sindical, a categoria conquistou: aposentadoria por tempo de serviço, 35 anos com vencimentos integrais e 30 anos com 80% dos vencimentos; extinção do trabalho bancário aos sábados e um piso salarial para a categoria.
Outra iniciativa importante para o conjunto da categoria, mas sem sucesso, foi à proposta de um quadro de carreira semelhante ao dos bancários do Banco do Brasil. Foram ainda construídos os edifícios: Frei Galvão e Nazaré, na avenida Siqueira Campos, com a finalidade de atender aos bancários vítimas do desmoronamento de morros em 1954. Esses dois edifícios totalizaram quarenta e dois apartamentos.
Em seguida foi construído o edifício Brasília, também localizado na Avenida Siqueira Campos, com setenta e oito apartamentos. As verbas para tais construções foram liberadas pelo o IAPB. O critério de aquisição era por classificação após inscrição, tempo de serviço e dependentes. A fiscalização era realizada por uma comissão especial.
As principais greves da categoria das gestões de Antonio Guarnieri foram as de 1953 e 1961, ambas por reivindicações salariais vitoriosas.
Em 1956, já no segundo mandato, Guarnieri participou juntamente com outros líderes sindicais – João de Moraes Chaves (Urbanitários), João Gonçalves Neto (Condutores Rodoviários), Expedito Guedes Rodrigues (Ensacadores) e João Bernardo de Abreu Madeira (Comerciários), da fundação do Fórum Sindical de Debates, intersindical que agregou todos os sindicatos de Santos e região. A Entidade não foi reconhecida legalmente pelas autoridades estaduais e federais, porém foi considerada de utilidade pública pela Câmara Municipal de Santos. O Sindicato dos Bancários foi representado no Fórum Sindical de Debates, através de seu presidente, Antonio Guarnieri, que foi secretário na 1ª gestão de Geraldo Silvino de Oliveira, quando assumiu a presidência interinamente.
O Sindicato participou dos principais movimentos grevistas da cidade e em 1960, quando da greve dos funcionários do Moinho Paulista, Guarnieri foi, em comissão, ao Rio de Janeiro para debater com o então Ministro do Trabalho, João Goulart, a situação e indenização dos trabalhadores do Moinho Paulista, arbitrariamente transferidos para o Paraná.
No setor de conquistas, as gestões de Guarnieri apresentam várias: 6 horas corridas de trabalho, uma vez que até 1953 o trabalho bancário era de 6 horas efetuado em 2 períodos. O atendimento ao público era das 12h15 às 16:30 horas.
Em 1964, antes do golpe militar, após todo um trabalho de base, o Sindicato estava com aproximadamente dois mil associados. Em virtude do golpe, para preservar a história do Sindicato durante a ditadura, a documentação do Sindicato, de um modo geral, foi levada para a casa de alguns bancários. O objetivo era preservar tal documentação, pois o Sindicato sofreu intervenção.
Foi nomeado interventor, o ex-presidente Fortunato de Oliveira Martins, que permaneceu na direção por três anos. Guarnieri, após fuga, ficou dois meses na cadeia pública de Santos e 4 meses no navio-prisão Raul Soares. Ao ser libertado reassumiu sua função no Banco de São Paulo.
As greves da categoria recomeçaram a partir de 1985, com a abertura política, tendo o Sindicato participado da Campanha pelas Diretas Já, Campanha do Verde, Defesa da Amazônica, dentre outras.
Os funcionários da Caixa Econômica Federal só se sindicalizaram em 1983, quando foram considerados bancários. Até então eram tidos como economiários.
Na década de 80, a entidade chegou a 4200 associados, mantendo uma grande rede assistencial com atendimento médico, odontológico e jurídico.
Em 1986 a categoria na Baixada Santista era estimada em mais de 8 mil bancários. Atualmente, com a globalização e o ataque ferrenho do sistema neoliberal aos direitos dos trabalhadores e, em especial, da categoria bancária, a nova diretoria inovou e aplicou diversas “vacinas” contra os abusos dos banqueiros, uma delas foi à filiação, em 10 de Maio de 2001, a maior Central Sindical da América Latina, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), outra foi à modernização da comunicação no Sindicato. Nesta ocasião, informatizou toda a nova sede própria, na Av. Washington Luiz, 140 , dando agilidade no atendimento aos associados e na resolução dos problemas enfrentados pela categoria.
Nas últimas décadas, a categoria também conquistou diversos direitos e benefícios através de greves e mobilizações coordenadas pelo movimento sindical, tais como: Participação nos Lucros e Resultados do banco, Cesta Básica, Tíquete Refeição, Auxílio Creche, Plano de Saúde, Anuênio, Dissídio Coletivo e muitos outros.
Na década de 90 o Sindicato estava com suas finanças abaladas, em função dos vários planos de estabilização econômica, a dívida era enorme. Foi realizado um importante trabalho de saneamento econômico, que resultou no atual estágio da entidade que permitiu que os bancários mantivessem um patrimônio invejável. Além da sede da Avenida Washington Luiz, um conjunto de salas na rua Riachuelo, o Sindicato possui um ginásio poliesportivo no morro da Nova Cintra, quatro automóveis, um dos quais carro de som.
Em 2003, pela primeira vez foram eleitos os delegados e delegadas sindicais no Banco do Brasil e CEF, sendo que o Sindicato de Santos e Região foi o pioneiro em todo o país a eleger estes representantes do movimento sindical por local de trabalho. A partir daí foi organizada uma forte campanha contra as metas abusivas. E depois de anos organizou-se uma greve nacional de bancários dos bancos públicos e privados que resultou na unidade e reajuste linear para todos os bancários conforme o índice concedido nas negociações entre a Federação Nacional dos Bancos e a Executiva Nacional dos Bancários, pois desde a implantação do Plano Real, por Fernando Henrique Cardoso os funcionários do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal tinham reajuste zero ou próximo disto.
Em 2004, foi organizada a maior greve nacional da história, da Campanha Salarial da categoria, onde os bancários ficaram paralisados por 30 dias. Em 2005, foi realizada a primeira eleição de delegados sindicais no Banco Nossa Caixa, sendo o Sindicato de Santos e Região novamente o pioneiro.
2005 foi o ano de muita luta e da construção da Intersindical
A partir de 2005, a diretoria do Sindicato dos Bancários de Santos faz parte, juntamente com outros movimentos políticos/sindicais/sociais, da construção de um novo instrumento de luta da classe trabalhadora: A Intersindical que tem como objetivo organizar e mobilizar os (as) trabalhadores (as) do campo e da cidade para o enfrentamento de classe. E que, para isso, retome junto com as ações conjuntas, a preocupação militante com a formação e a organização no local de trabalho; que dialogue e atue com os movimentos sociais; que possa na diversidade construir a unidade daqueles que não se renderam à conciliação de classes e que reafirmam a necessidade de construir um sindicalismo autônomo e independente dos patrões, dos governos e dos partidos e que faça de suas ações cotidianas a busca por uma sociedade socialista.
Tinhamos certeza que só a resistência e a disputa interna dentro da CUT não eram suficientes para enfrentar o momento de fragmentação do conjunto do movimento sindical e os ataques constantes exercidos pelo Capital.