Depois das demissões de 3 mil funcionários durante a pandemia, só com o que arrecada de tarifa dos clientes, o Santander consegue cobrir mais de duas vezes a folha de pagamento do banco, incluindo a PLR. Os que sobraram estão sobrecarregados, sem tempo para almoçar e adoecendo
O Santander Brasil registrou lucro líquido societário de R$ 4,103 bilhões no 2º trimestre, o que representa uma alta de 102,6% na comparação com o mesmo trimestre de 2020 (R$ 2,026 bilhões) e de 45,7% em relação ao primeiro trimestre desde ano (R$ 2,816 bilhões).
A receita com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias cresceu 11,3% em doze meses, totalizando R$ 9,6 bilhões. As despesas de pessoal mais PLR caíram 3,5% no ano, somando R$ 4,4 bilhões. Assim, em junho de 2021, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 215,8%.
Ou seja, só com o que arrecada de tarifa dos clientes, o Santander consegue cobrir mais de duas vezes a folha de pagamento do banco, incluindo a PLR.
“Para isso, o banco espanhol demitiu em massa, não contrata e impôs o acúmulo de funções aos funcionários, piorando o atendimento à população. Obtém lucro bilionário retirando a saúde de muitos bancários, que foram convocados a trabalhar presencialmente durante a pandemia sem receber equipamentos primários de prevenção como álcool gel e máscara. Desrespeito à jornada onde muitos ficam sem almoçar, por falta de funcionários. Desmonte da Cabesp e do Banesprev, lucro com o adoecimento de centenas de trabalhadores, da demissão em massa de mais de 3 mil pessoas durante a pandemia.
Agências tendo que ser fechadas pelo sindicato por ter foco de Covid-19. Funcionários trabalhando com sintomas do novo coronavírus e tantas outros desrespeito humanos”, indigna-se Fabiano Couto, secretário de comunicação do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e funcionário do Santander.
O magistrado condenou o Santander em R$ 50 milhões
A questão da desigualdade social e da falta de contrapartida social do Santander foi sublinhada na sentença que condenou o banco por mais de três mil demissões em plena pandemia e por condutas antissindicais, a pagar 50 milhões de reais.
“Nada mais notório que vivemos em um país de extrema desigualdade (7º lugar como mais desigual, segundo a PNUD) e de cínica violência (1º lugar em taxa de homicídios por armas de fogo, segundo a Pesquisa Global de Mortalidade por Armas de Fogo do Instituto de métricas e avaliação em saúde”, escreveu em sua sentença o juiz Jeronimo Azambuja Franco Neto, da 60ª Vara do Trabalho de São Paulo.
“Se no cálculo indenizatório aplicarmos o módico percentual de 1% sobre o lucro líquido do primeiro semestre de 2020, chegamos ao valor de R$ 50 milhões. Tal valor, quando lido em termos absolutos parece superestimado, porém, é necessário ter em consideração o fato de que em período de crise sanitária e aumento da miséria no Brasil a instituição bancária teve lucro recorde e o valor de R$ 50 milhões corresponde a meros 1% desse lucro líquido em apenas um semestre”, ponderou o juiz.
Fonte: Comunicação do SEEB de Santos e Região com SEEB de SP