Está em curso uma longa campanha para efetivação de um golpe capitaneada pelo grande capital, pela direita e seus tentáculos na mídia, em parcelas do judiciário e pelo Congresso Nacional.
Essa campanha teve como ponto marcante o último dia 17/04, com a votação pela admissibilidade do impeachment da Presidenta Dilma sem crime de responsabilidade, votação comandada pelo inominável Eduardo Cunha. O Parlamento brasileiro se expôs diante da grande maioria da população demonstrando que os argumentos apresentados pelos Deputados Federais não faziam referencia ao suposto crime de responsabilidade, mas sim aos seus interesses particulares e de classe, ou seja, a privatização da política. É uma Câmara de maioria corrupta e golpista!
O governo insiste em tentar uma conciliação com as elites e promove uma política antipopular e neoliberal, seja no ajuste fiscal, assim como em medidas como a lei antiterrorismo, a proposta de nova reforma da previdência, o veto à auditoria da dívida, o PLP 257 que destrói o serviço público e aprofunda a crise dos estados, entre outras coisas.
Todavia, neste momento, a elite brasileira quer e precisa mais do que a conciliação, e conspira para o estabelecimento de um governo ilegítimo, porque advindo de um golpe disposto a aprofundar ainda mais o ajuste, e, sobretudo, a dizimar direitos trabalhistas garantidos na lei, cortar os direitos sociais estabelecidos pela Constituição Federal, impor a independência do Banco Central para submetê-lo rigorosamente aos interesses dos bancos, consubstanciados na chamada Ponte Para o Futuro, que nada mais é do que um caminho para a barbarização das condições de vida de milhões de brasileiros/as, especialmente mulheres e negros, a maior e mais precarizada parte da classe trabalhadora.
Temer e Cunha, alem de serem notórios corruptos, estão conspirando não só contra a presidenta, mas especialmente contra a classe trabalhadora. Eles estão a serviço do grande capital que aposta no golpe, para colocar verdadeiros gangsters no comando do governo que estão dispostos a imprimir um “estado de exceção”, com a intensificação da repressão e da criminalização aos movimentos sociais, alem de aplicar todos os projetos de retirada de direitos, aprofundando ainda mais a precarização da vida do povo.
O momento exige unidade de todos setores democráticos, populares e de esquerda na luta contra o golpe. A luta, no entanto, não deve se restringir ao combate ao golpismo, ela deve ser também uma disputa de projetos, de agenda política. O projeto dos golpistas é de retrocesso na democracia, de retirada de direitos, de contrarrefomas, de aprofundamento da corrupção e de perpetuação das desigualdades. O nosso projeto é de defesa e de ampliação de direitos, de efetivação de uma democracia plena, de combate sistêmico à corrupção, de reformas estruturais de interesse popular como as reformas tributária, política, agrária, urbana, da comunicação , enfim, de uma sociedade sem desigualdades.
É fundamental o fortalecimento e ampliação da Frente Povo Sem Medo e a partir dela buscar unidades mais amplas. Por isso, construiremos um 1º de maio de luta unitário da classe trabalhadora contra o golpe e o ajuste fiscal e a favor de uma nova agenda para Brasil de defesa de direitos da classe trabalhadora e de reformas de interesse popular.
A saída é pela esquerda, com unidade e mobilização popular! Não aceitaremos golpes, governos ilegítimos e retirada de direitos!
Direção Nacional da Intersindical
São Paulo, 24 de abril de 2016
Crédito: Adriano Trindade
Fonte: Intersindical – Central da Classe Trabalhadora