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Tortura psicológica no Santander

21 de junho de 2016

Trabalhadores passam horas em interrogatório para que confessem erros que não cometeram.

Em pequena sala do Vila Santander, localizado em São Paulo e call center do banco espanhol, bancárias dizem ter vivenciado alguns dos piores momentos de suas vidas ao enfrentar verdadeira tortura psicológica de “agente” da Gerência de Ocorrências Especiais (GOE), setor cuja truculência está na pauta de discussões desta quarta 22,  entre dirigentes sindicais e o banco sobre o acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

“Queriam que eu confessasse ter mandado cartão sem que o cliente autorizasse, falta considerada grave pelo banco. Só que não fiz isso”, diz uma trabalhadora que foi questionada em interrogatório da GOE. “Para tentar me constranger, rodaram uma gravação telefônica, só que era outra pessoa. Depois pegaram uma minha, que era de março, mas nela só reforça que fiz tudo de forma correta.”

Isso durou mais de duas horas, segundo a bancária, até que chegou ao ponto de o investigador da GOE dizer a ela que fizesse declaração por escrito, confessando que tinha forçado a venda ao cliente, mas ela recusou. “Ele veio em minha direção, olhou bem para mim e disse: como assim, não vai escrever? Não me intimidei. Então ele falou para que escrevesse o que quisesse e me mandou sair.”

Meia hora depois, em seu posto de trabalho, disseram para que voltasse para a sala. Lá recebeu carta que determinava seu afastamento por 30 dias até tudo ser apurado. Teve de entregar o crachá e foi acompanhada até a saída.

“Nunca passei por tanto constrangimento. Nem tenho coragem de dizer a meus filhos por que não estou indo trabalhar. Quando eles me perguntam, digo que estou de folga. Choro muito, pois sou honesta. Sempre tratei os clientes com clareza, inclusive isso consta em minhas avaliações de chefias que sempre me deram notas de 80 a 100. Nem consigo dormir à noite por conta disso”, relata. “Quero desculpas pelo que fizeram e esclareçam às pessoas que trabalham comigo que não fiz nada de errado.” 

Mais humilhações
Segundo averiguaram dirigentes sindicais, ao menos 22 trabalhadores passaram por situação similar e estão afastados aguardando essa “apuração” da GOE.

“Depois de não conseguirem provar nada contra mim – até porque não tinha nada mesmo –, o cara da GOE me deu um papel e disse para que eu escrevesse o que ele ditasse. Estava tão nervosa e acuada que escrevi um texto, mas coloquei que fiz todos os procedimentos dentro das normas e não fiz nada de irregular”, relata outra bancária.

Ela relata que também ao seu posto e uns 30 minutos depois o gestor veio até ela, arrancou seu headset e o crachá na frente de todos e a fez sair do setor. “As pessoas olhavam para mim como se tivesse feito algo de errado. Foi uma humilhação imensa.”

Demissões
Fica um alerta que em outras situações, depois desse período de “apuração” da GOE as pessoas foram demitidas. Para não reconhecer seu erro e as barbaridades que comete, esse setor se ‘desfaz’ dessas pessoas demitindo-as. E a direção do banco é conivente, pois não toma nenhuma medida para acabar com isso.

Orientamos aos trabalhadores, que situações semelhantes acontecerem aqui em Santos e Região, as pessoas não são obrigadas a assinar nenhum documento. É muito importante que os bancários e bancárias denunciem estas práticas de tortura psicológica.

Isso pode ser feito pelo Fale Conosco. O sigilo é absoluto. 

Leia Também: Santander demite, assedia e utiliza polícia contra bancários

Fonte: Com informações SEEB SP

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