Que a poupança rende menos que o IPCA, todo mundo já sabe. Mas o quanto menos?
Com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) nas alturas, a desvantagem da poupança está mais evidente.
No entanto, há menos de seis meses, a taxa básica de juros era 2%, o que deixava a poupança com a rentabilidade de apenas 1,4% ao ano.
Neste meio tempo, os juros aumentaram, mas a inflação acelerou ainda mais rápido. Nos últimos 12 meses até outubro, o IPCA acumula alta de 10,67%, deixando a poupança para trás. Só no mês passado, os preços subiram 1,25%, segundo informado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta (10).
Veja um exemplo: R$ 100 na poupança nova em outubro de 2020 renderam e viraram R$ 102,02 hoje. Corrigido pelo IPCA do período, este mesmo valor corresponde a R$ 111,62. Ou seja, há uma perda de R$ 9,60 da poupança em relação à inflação neste período. Agora, imagine se, ao invés de R$ 100, há R$ 10.000 na poupança. Seria uma perda de poder de compra de R$ 960.
Nos próximos meses, porém, a poupança tende a ganhar terreno contra a inflação. O mercado estima que, ao fim deste ano, a Selic esteja a 9,25% e o IPCA, 9,33%. Para 2022, a previsão é de Selic a 11% e IPCA a 4,63%.
Quando a Selic chega ao patamar de 8,5%, a remuneração da poupança passa a ser outra: uma taxa fixa de 0,5% ao mês, que equivale a 6,17% ao ano. Ou seja, ano que vem, a previsão é que a poupança tenha rendimento real (acima da inflação).
“Olhando para trás, não há o que fazer. No futuro, segundo as perspectivas do mercado, a poupança deve superar o IPCA”, afirma Jayme Carvalho, planejador financeiro CFP pela Planejar.
De acordo com o especialista, sair da poupança em busca de maiores rentabilidades pode não ser o melhor passo para todos os investidores.
“Há muita mídia negativa em relação à poupança por ela render menos, mas não quer dizer que ela não é útil. Para o investidor conservador e iniciante ela é útil. De fato, existem produtos melhores, que são mais complexos, mas na poupança, há liquidez imediata. O Tesouro Direto, por exemplo tem riscos que a poupança não tem”, diz Carvalho.
Segundo o planejador, para se proteger da inflação, o importante é diversificar a carteira com produtos atrelados ao IPCA ou IGP-M, estando sempre atento ao perfil de investidor e objetivo.
Fonte: valor.globo
Escrito por: Júlia Moura