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Taxa básica de juros (Selic) vai a 13,75%, maior nível em quase seis anos

4 de agosto de 2022

A sequência atual de altas começou em março de 2021, e já são 12, mas o objetivo de segurar a inflação não foi cumprido

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou pela 12ª seguida a taxa básica de juros (Selic) em meio ponto percentual, para 13,75% ao ano, nível mais alto desde outubro de 2016.

 

Desde que começou o ciclo de aumentos, em março do ano passado, com o objetivo de segurar a disparada da inflação, a Selic já foi multiplicada em quase sete vezes, de 2% para 13,75%, mas o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permanece acima de dois dígitos desde setembro do ano passado, quando atingiu 10,25%. Em julho deste ano atingiu 11,89%.

 

As altas taxas de juros prejudicam a população, em especial a mais pobre, que usa créditos porque o salário não paga todas as contas ou não tem como pagar a vista uma casa própria ou até um eletrodoméstico. O impacto nos orçamentos da população será sentido no bolso quando a pessoa for:

. pagar os juros do cheque especial,

 

. pagar faturas do crédito rotativo dos cartões de crédito;

 

. fazer ou pagar financiamentos, especialmente o imobiliário;

 

. e até na hora em que vai procurar emprego porque com o alto custo do dinheiro as pessoas vão consumir menos, afetando as vendas das empresas, que por sua vez suspendem ou adiam planos de retomada de produção ou expansão do negócio.

 

Mesmo as companhias que decidirem ir adiante com os planos terão que gastar mais com empréstimos elevados para bancar o projeto.

 

Já a economia do país sofre o primeiro impacto nas contas públicas do governo, que deverá pagar mais pelo dinheiro que toma emprestado, os títulos públicos. E isso também afeta a população porque compromete a recuperação econômica e, consequentemente, a geração de emprego e renda.

 

Toda vez que os juros sobem e o governo paga mais pelos títulos públicos, a União fica com menos dinheiro para investir em políticas públicas necessárias para manter a economia funcionando, explicou a técnica do Dieese, Adriana Marcolino.

 

Indústria reclama

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) critou a alta dos juros. “Ainda que, desde março de 2021, a taxa Selic venha sofrendo consecutivos aumentos na tentativa de frear o consumo, as expectativas com relação à inflação à frente seguem desancoradas. Nesse sentido, cabe destacar que o desajuste no nível de preços da economia não é um fenômeno exclusivamente de demanda, mas sobretudo de restrição de oferta”, diz nota da entidade.

 

Embora reconheça que os crescentes aumentos de preços têm como causa a “desorganização das cadeias globais de produção”, em função da pandemia e dos efeitos da guerra da Ucrânia no comércio global, a Firjan destaca que aumento da Selic não sacrifica apenas o setor produtivo. “Em um momento em que o mundo atravessa período de elevada incerteza, alimentada por guerra, covid-19 e risco de recessão, é imprescindível a adoção de uma política monetária mais moderada, que esteja atenta aos desafios do crescimento econômico nos próximos anos”. O aumento do juro básico da economia se reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem de seis a nove meses entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito.

 

Comunicado do Copom: alta dos juros deverão continuar

No comunicado divulgado ao final de dois dias de reunião, nesta quarta-feira (3), o Copom afirmou que o cenário externo “mantém-se adverso e volátil, com maiores revisões negativas para o crescimento global em um ambiente inflacionário ainda pressionado”.

 

De acordo com o comitê do Banco Central, a decisão, como sempre unânime, reflete um cenário de incertezas. E o BC sinaliza que as altas deverão continuar.

Crédito: Marcos Santos USP/Imagens
Fonte: Redação CUT e Correio Braziliense

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Publicado por: Gustavo Mesquita

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