O juiz Ricardo Lewandowski, do STF, determinou que a Anvisa explique sobre a suspensão dos testes da vacina Coronavac. O presidente Jair Bolsonaro, além de brincar com a morte pela Covid-19, disse que o Brasil é um país de “maricas”, tática para retirar os holofotes do seu filho denunciado por corrupção
O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apresente explicações aprofundadas sobre o atual estágio de testes em que se encontra a CoronaVac. A decisão, proferida pelo Ricardo Lewandowski, acolhe a pedido de cinco partidos (PSOL, PT, PCdoB, Rede e Cidadania).
As legendas recorreram ao STF depois de a Anvisa anunciar a suspensão dos testes da Coronavac, realizados pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac. Diante das reações negativas à conduta da agência e do governo, o presidente Jair Bolsonaro voltou a hostilizar os críticos e se referiu ao Brasil como “país de maricas”.
O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, afirmou que a decisão de suspender os testes da vacina foi técnica, atribuída a um “evento adverso grave”. A morte de um voluntário que participava dos testes foi a justificativa para a interrupção. Porém, o homem teria cometido suicídio.
A politização em torno das pesquisas com vacinas tem levado o Brasil a passar vexame internacional. E levou o presidente Jair Bolsonaro a reabrir sua temporada de baixarias e desprezo diante da crise sanitária. “Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer”, afirmou, em cerimônia no Palácio do Planalto. “Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas”, disse Bolsonaro.
O despacho de Lewandowski determina que a Anvisa se explique não apenas especificamente sobre a suspensão da Coronavac. Mas que apresente relatórios detalhados sobre todos os estudos e experimentos relacionados ao estágio de aprovação dessa e de todas as demais vacinas contra a covid-19.
Convocação
Psol e Rede Sustentabilidade entraram, nesta terça-feira (10), com requerimentos para solicitar a convocação do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, ao Congresso Nacional. O objetivo é que ele explique a suspensão dos testes da vacina chinesa Coronavac. O PT solicitou informações também ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre a suspensão dos testes. Além deles, o líder do PSB na Câmara. Alessandro Molon (RJ), quer que a convocação seja estendida ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
“É estarrecedor que o presidente da República venha a público nas redes sociais comemorar a morte de um voluntário e um suposto fracasso de uma vacina destinada a enfrentar uma pandemia tão terrível. É também inaceitável que a Anvisa se preste ao papel de fazer parte deste jogo político baixo”, afirmou Molon.
O caso provocou uma campanha negacionista na internet, mas também uma reação de setores que defendem a continuidade dos testes e a vacina da farmacêutica chinesa, desenvolvida com transferência de tecnologia ao Brasil. Jornais internacionais também destacaram a notícia, que mais uma vez coloca o Brasil como vergonha mundial.
Bolsonaro e o ‘país de maricas’ no mundo
“O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, provocou indignação ao se regozijar com a suspensão dos testes clínicos da vacina contra o coronavírus chinesa após a morte de um voluntário”, destacou o britânico The Guardian. Ao comentar a suspensão dos testes, o mandatário brasileiro declarou que era “outra vitória de Jair Bolsonaro”.
Segundo a Associated Press, a decisão da Anvisa parece “ter sido motivada não pela ciência, mas pela hostilidade política do líder ao país e ao governador de São Paulo, João Doria, “envolvido na produção da vacina candidata”.
“Os organizadores dos estudos ficaram surpresos, argumentando que havia ocorrido uma morte, mas não tinha relação com a vacina”, informou a agência Reutersem sua edição britânica.
“Brasil interrompe teste de vacina chinesa. Mas a culpa foi da ciência ou da política?”, questiona o norte-americano The New York Times. “O governo brasileiro ofereceu poucas explicações sobre o motivo pelo qual parou abruptamente os testes de uma promissora vacina que milhares de pessoas já receberam”, acrescentou o diário americano.
Ignomínia: até quando?
Para o jornalista Bob Fernandes, “com a guerra à vacina Bolsonaro desvia atenções do Flávio 01 nas páginas policiais. E da derrota de Trump, colada em Bolsonaro como símbolo do que os EUA têm de pior”.
O professor de Geografia Felipe Cabañas da Silva questiona: “Cansaço, exaustão, esgotamento, revolta… Cada dia somos vítimas de uma ignomínia nova… E tão cansados que estamos deixando ele brincar com as nossas vidas e nosso futuro… Até quando?”.
Crédito: Rede Brasil Atual
Fonte: Rede Brasil Atual com edição da Comunicação do Sindicato dos Bancários de Santos e Região
Escrito por: Eduardo Maretti