Lobby do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que trabalhou 18 anos no Santander, pesou na decisão dos ministros
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (26), pela constitucionalidade da lei que aprovou a chamada “autonomia” do Banco Central. Na decisão, pesou a pressão do cartel dos bancos privados. Matéria do próprio Jornal O Globo, imprensa voltada aos interesses do mercado, admitiu que a decisão contou com “um trabalho intenso do presidente do BC, Roberto Campos Neto, executivo que trabalhou durante 18 anos no sistema financeiro para o banco espanhol Santander. Campos Neto fez um verdadeiro ‘corpo a corpo’ com os ministros do STF, em outras palavras, lobby para que fosse aprovada a constitucionalidade da lei.
Campos Neto teria se encontrado com ministros mais de uma vez. O argumento do diretor do BC é de que a lei representa um “avanço institucional e que a independência traria ao país, maior segurança para investidores (banqueiros e especuladores) e da equiparação com o que países desenvolvidos e estáveis têm atualmente”.
O que significa
A chamada “autonomia” do Banco Central, na verdade significa entregar, de vez, a política monetária do país, que define os juros básicos (Selic), aos interesses dos banqueiros e especuladores. Isto por que, com a nova legislação, o próximo presidente eleito em 2022 não terá ingerência sobre estas questões monetárias e os juros. Tradicionalmente, o BC nos últimos anos tem sido dirigido por banqueiros como Henrique Meireles (CitiBank e fundador do Banco Original, primeira instituição digital no Brasil), Joaquim Levy (Bradesco) e agora Campos Neto, do Santander. A mudança além de proibir o futuro presidente da República de demitir e escolher a direção do BC, fez com que mandado dos dirigentes da instituição não coincida com a do presidente do país. É a entrega da economia do país aos banqueiros.
Como votaram os ministros do STF
A favor da autonomia do BC: Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Cármem Lúcia, Gilmar Mendes e Luiz Fux.
Contra a autonomia do BC: Ricardo Lewandowski e Rosa Weber
Crédito: Marcello Casal Junior/EBC
Fonte: SEEB do RJ
Escrito por: Carlos Vasconcellos