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Seminário diz como caracterizar o assédio em perícia judicial

17 de novembro de 2014

O Sindicato dos Bancários de Santos e Região e a Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp) realizaram Seminário sobre Gestão Competitiva e Patologias da Solidão: resistências possíveis, em 14 de novembro de 2014, na sede do sindicato com os temas:

As implicações subjetivas presentes no fracasso das tentativas de volta ao trabalho com: Elizabeth Zulmira Rossi – clínica do trabalho, professora do Curso de Psicologia do Centro de Educação Superior de Brasília, doutora em Psicologia Social e do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília. Rossi tem estágio doutoral no Conservatório Nacional de Artes e Ofícios de Paris;

Assédio Moral e Violências no trabalho com bancários : caracterização em perícia judicial com: Cristiane Queiroz Barbeiro Lima – Química, mestre em engenharia, tecnologista e Pesquisadora do Serviço de Ergonomia da Fundacentro – CTN/SP.

Zulmira Rossi iniciou o seminário explanando que um dos principais motivos de adoecimento de bancários é a repressão dos sentimentos acumulados diante de gestores assediadores e clientes mal educados, além da repressão das necessidades fisiológicas imposta pelo sistema organizacional dos bancos.

A doutora pela UNB também alertou que permanecer doente trabalhando dificulta a reabilitação. Outro problema enfrentado pelos bancários e os trabalhadores em geral é a pressão exercida pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) nos médicos peritos para liberarem os doentes para que retornem ao trabalho. Ela exemplificou com um caso de um bancário que chegou ao INSS com Ler DORT e muita dor e o médico pediu-lhe que ele mostrasse a dor. O bancário respondeu: somente depois que o doutor mostrar o ar que respira!

Rossi ressaltou que os problemas não param por aí. Depois de serem liberados pelo perito, na volta ao trabalho, os bancários começam a ter os seguintes sintomas: cefaleia (dor de cabeça), irritabilidade, insônia, perda de força muscular e depressão. A origem está no medo do risco ao erro, em não cumprir metas, perder o emprego, não ser produtivo. A estratégia da empresa para os que não produzem em quantidade absurda por motivo de doença é deslocá-los para funções de menor importância, empurrá-los para o ostracismo. Neste momento, o trabalhador começa a ter sentimento de culpa por ter adoecido e isto o faz sentir mais dor e tornar-se psiquicamente mais fragilizado. Em decorrência entram no caminho dos remédios muitas vezes tarja preta e terapias, quase sempre sem afastarem-se do trabalho.

Zulmira Rossi, afirmou que o caminho para barrar o assédio e o adoecimento, de bancários e trabalhadores em geral, está na reconstrução do coletivo de trabalho, na cooperação, na confiança, na solidariedade para reencontrar o sentido do trabalho. A grande barreira é o sistema capitalista que incentiva a competição e o individualismo.

 “É uma máquina de moer gente. A solidão é a companheira do trabalhador moderno. A solidão é fruto da competição, ela enfraquece, adoenta e mata as pessoas. Estamos desaprendendo a viver juntos”,  finalizou.

 

Caracterização do assédio na perícia judicial

 

A pesquisadora da Fundacentro, Cristiane Lima, alertou que o adoecimento no setor bancário agravou-se na década de 90 e se reproduziu em outras categorias. “A meritocracia, ou seja, você vai ganhar o que você produz, nos persegue desde criança. Disso produz-se o assédio moral e a culpabilidade dos trabalhadores que não cumprem metas”, iniciou Cristiane. A meritocracia faz o bancário acreditar que realmente ele é culpado. Um dado que demonstra isso é que apenas 12% dos auxílios doença concedidos pelo INSS são relacionados ao trabalho. O bancário e os trabalhadores em geral trabalham doentes por sentirem-se culpados de ter adoecido.

Por exemplo, alguns bancários fazem cirúrgias nos braços (por terem adquirido Ler DORT) mas não relacionam com o trabalho repetitivo.

                                                                                                

O que é assédio moral?

“O assédio moral é caracterizado por humilhações/menosprezo, exposições ao ridículo, críticas destruidoras, empobrecimento das tarefas, sonegação de informações, isolamento, perseguições, exigência de tarefas impossíveis ou de difícil alcance, envolvendo tempo e quantidade. Tudo com frequência, tempo e intenção. Violência verbal, física e pessoal”, define a pesquisadora da Fundacentro.

 

Como caracterizar o assédio para a perícia

 

1 – Sempre que houver ranking de metas com nomes expostos ou enviados fotografe ou guarde o documento que enviarem pela internet ou intranet;

2 – Guarde documentos com metas e vendas relacionados aos prêmios, advertências e promoções sem levar em conta a capacitação;

3 – Guarde documentos sobre sistemas de avaliações pelo gestor, clientes, vendas e produtividade

4 – Guarde documentos relacionados à sua performance, que avaliem seu comportamento nas reuniões com o gestor;

5 – Fotografar ou filmar os sistemas de motivação como ambientes de trabalho enfeitados, comemorações, ranking e outros;

6 – Colher documentos sobre rotatividade, critérios de atendimento, critérios de transferência.

  • É importante que os depoimentos das vítimas e das testemunhas sejam semelhantes.

 

Em caso de doença

 

– Exigir o Comunicado de Acidente do Trabalho (CAT);

– Vá sempre acompanhado ao INSS;

– Não assine a demissão em caso de doença;

– Exija reabilitação do empregador e do INSS.

 

Por fim, a pesquisadora disse que os bancários são mais suscetíveis ao assédio moral devido aos sistemas de gestão e organizacionais adotados pelos bancos.

Fonte: Comunicação dos Bancários de Santos e Região

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