Sem conseguir conter avanço da covid-19, governo de São Paulo cria fase emergencial – roxa – da quarentena e aumenta restrições de circulação nas ruas das 20h às 5h, proibido acesso a praias, igrejas, campeonato de futebol e outras medidas
Começa na próxima segunda-feira (15) a fase emergencial (inicialmente chamada de roxa) da quarentena no estado de São Paulo. Será estabelecido toque de recolher a partir das 20h até as 5h do dia seguinte, proibido o acesso a praias e parques e qualquer tipo de aglomeração. Todas as atividades administrativas das empresas e órgãos públicos deverão ser realizadas em teletrabalho. Atividades esportivas, incluindo campeonatos profissionais, e atividades religiosas coletivas serão proibidas. As escolas terão o recesso antecipado para o período de 15 a 28 de março. A medida vai valer até 30 de março, devido ao colapso no sistema de saúde de São Paulo.
Bancários
Como os governos federal, estaduais e municipais colocam o serviço bancário como essencial não haverá mudanças nos horários de atendimento das agências bancárias. Contudo, o movimento sindical faz uma nova reunião com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), a partir das 15h30, desta quinta-feira (11), para debater as reivindicações entregues na última sexta-feira (5). Entre elas estão:
· que os bancos diminuam o horário de atendimento nas agências;
· que os bancos, que aumentaram o trabalho presencial, recuem e voltem a ampliar o home office para o maior número possível de bancários;
· que o atendimento presencial nas agências seja feito somente com agendamento;
· que cancelem visitas e atendimentos aos clientes fora das agências;que adotem o afastamento imediato de quem teve contato com colegas contaminados ou com suspeita de contaminação;
· que distribuam máscaras mais eficientes para os trabalhadores;
· que disponibilizem álcool em gel, principalmente no autoatendimento (alguns bancos não fazem isso);
· que instalem barreiras de acrílico nos caixas e mesas de atendimento nas agências;que parem de demitir na pandemia;
· que parem de cobrar metas abusivas em plena pandemia.
Prefeitos não respondem à priorização dos bancários na vacinação!
Especialistas e autoridades sanitárias defendem as medidas do governo
“O que buscamos não é cercear a liberdade das pessoas, mas proteger a vida. E a ciência já mostrou que isso se faz com distanciamento, vacinas e uso de máscaras. A situação continua piorando e precisamos aumentar o distanciamento social”, explicou o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, Paulo Menezes, que defendeu a emergência da implementação da fase emergencial (roxa).
Ele falou sobre as expectativas em relação à efetividade das medidas. “Se conseguirmos estabilizar a atual situação, teremos a salvação de cerca de 40 vidas por dia. E com a melhora gradual e a ampliação da vacinação teremos, certamente, uma redução muito maior no número de mortes”, disse ainda Menezes. “Ninguém está definindo isso porque quer. É a última alternativa que temos. Nós precisamos que a população nos ajude. Por favor façam o isolamento”, complementou Eloísa Bonfá, diretora clínica do Hospital das Clínicas.
O secretário-executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo, pediu que a população aceite as recomendações da fase emergencial (roxa) da quarentena para evitar a morte de milhares de pessoas. “Essas medidas vão durar algum tempo. Se isso não for cumprido, nos próximos 15 dias nós não vamos mais conseguir acompanhar o andamento da pandemia. Não vai ter leito para todo mundo. Os médicos vão ter que escolher quem vai receber atendimento. Muita gente vai morrer”, afirmou.
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, a fase emergencial (roxa) da quarentena é a última tentativa de conter a pandemia e “se não conseguirmos conter a transmissão em um curto espaço de tempo nossos hospitais não vão suportar”. Hoje, 53 cidades paulistas com 100% de ocupação de unidades de terapia intensiva (UTIs). A ocupação em UTI está em 87,6% no estado e em 86,7% na grande São Paulo. São 9.184 pessoas internadas em UTI e 11.692 em enfermaria.
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“Evitem se aglomerar e saiam realmente somente para o estritamente necessário. São 20 dias seguidos de um recorde batido atrás do outro, tanto internações quanto mortes. Temos 2.046 pessoas esperando vaga. Destas, 30% vão para UTI”, disse Gorinchteyn. Segundo o secretário, o estado registra 150 novas internações em UTI por dia, em média. Apenas ontem (10), foram 2.690 internações, sendo que 50% dos internados têm menos de 50 anos. Também ontem foram registrados 15.541 novos casos e 469 mortes.
O chamado “toque de restrição”, entre 23h e 5h, será substituído pelo toque de recolher, entre 20h e 5h. Será totalmente proibido o acesso às praias e parques, bem como qualquer tipo de aglomeração. Gorinchteyn pediu “a cooperação de todos os empregadores dos serviços essenciais para que haja horários alternativos de entrada”, propondo que a indústria seja das 5h às 7h, os serviços, das 7h às 9h, e o comércio, das 9h às 11h.
Na fase emergencial (roxa) da quarentena, 14 setores vão ter mais restrições do que as existentes na fase vermelha. Serão totalmente suspensas as celebrações religiosas coletivas, mas permitidas as atividades individuais. Atividades esportivas coletivas, como o campeonato paulista, também serão suspensas. No entanto, os jogos do próximo sábado (13) estão mantidos.
Todos os serviços de retirada de qualquer produto, em todos os setores, também serão proibidas. Só poderão funcionar o sistema delivery e drive thru. Deverá ser adotado o teletrabalho (home office) em todas as atividades administrativas para setores não essenciais e órgãos públicos.
Os supermercados, farmácias, padarias, centros de saúde, abastecimento, segurança, limpeza pública, postos de gasolina e comunicações não terão restrições adicionais, podendo funcionar até 24 horas por dia. O governo paulista disse que vai manter a oferta de transporte de Metrô, trens e ônibus intermunicipais. E pediu que as prefeituras mantenham os sistemas de ônibus locais.
Nas escolas, a fase emergencial (roxa) da quarentena trará o recesso antecipado, para o período de 15 a 28 de março. A medida, no entanto, não será obrigatória para escolas particulares, embora o governo estadual tenha recomendado a medida. Estudantes que necessitarem, podem agendar com a escola para receber alimentação escolar na unidade, além de outras orientações sobre atividades online. As atividades remotas vão continuar sendo aplicadas.
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Veja o que muda com a fase emergencial
Novas restrições:
Atividades religiosas, como missas e cultos, não podem mais ocorrer presencialmente, mas igrejas permanecem abertas.
Campeonatos esportivos profissionais, como jogos de futebol, ficam suspensos.
Lojas de material de construção não poderão abrir.
Teletrabalho obrigatório para todas atividades administrativas não essenciais.
Comércios e restaurantes não poderão operar com serviço de retirada presencial, apenas delivery (24h) ou drive-thru (das 5h às 20h).
Proibição do uso de parques e praias em todo o estado.
Toque de recolher das 20h às 5h em todo o estado.
Antecipação do recesso escolar.
Novas recomendações:
Escalonamento do horário de entrada de funcionários da indústria, comércio e serviços, para evitar aglomerações no transporte público.
Uso de máscara em ambientes internos, inclusive entre familiares de residências diferentes.
Redução das atividades presenciais nas escolas ao mínimo possível.
Fonte: Rede Brasil Atual, Comunicação do SEEB de Santos e Região e G1/Globo
Escrito por: Rodrigo Gomes com edição da Comunicação do SEEB de Santos e Região