Santander demite, aumenta cobranças com ameaças por metas e questiona se aceitam abrir mão de parte de salários e benefícios para trabalhar 100% em “home office”. Um ataque atrás do outro
Santander demite, aumenta cobranças com ameaças por metas e questiona bancários se aceitam abrir mão de parte de salários e benefícios para trabalhar em teletrabalho (home office). Funcionários da TI que atuam no prédio Geração Digital, em São Paulo, foram convocados a responder uma pesquisa para saber quais deles aceitariam perder parte dos salários e direitos.
Em uma “live” realizada nos últimos dias, o presidente do Santander no Brasil, Sérgio Rial, já havia afirmado o interesse do banco em manter trabalhadores em home office permanentemente, e não descartou cortes de verbas para estes bancários.
“Se tudo isso (teletrabalho) te poupa tempo, você deixa de gastar combustível, tua vida fica mais fácil, até sob o ponto de vista econômico, por que não dividir alguma coisa dessas com a empresa? Por que não pode ser voluntário com alguma abdicação de algum benefício, de algum salário desde que seja voluntário?”, disse o Rial durante a transmissão.
“O Santander não precisa disso é pura exploração, já tem um lucro bilionário, que cresce todo ano. Somente no primeiro trimestre teve lucro líquido de R$ 3,77 bilhões, 10,5% maior que o ano passado. O Santander Brasil responde por quase 30% do lucro, o maior do conglomerado espanhol mundial. Fruto do trabalho dos funcionários, que estão na linha de frente contraindo Covid-19.
Tudo isso e mais de R$ 1 trilhão liberado pelo Governo Federal aos bancos, para enfrentar a crise. Agora querem abocanhar também salários e benefícios dos trabalhadores”, indigna-se Fabiano Couto, dirigente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e trabalhador do Santander.
Existe falta de clareza e omissão de detalhes para a opinião pública de que em “home office” o trabalhador gasta menos. Existem custos de equipamento, internet e outros insumos, que até o momento o banco não fez proposta para arcar com estes custos no Brasil . Em contrapartida, fez na Argentina, onde há remuneração para isso. Sem falar no sossego da família, o lazer, os problemas que este tipo de trabalho acarreta para todos, não haverá mais a diferenciação de trabalho e lazer.
“Isto é ilegal, não há redução de trabalho, muito pelo contrário, vão existir aumento de metas e redução salarial. Por isso, eles pressionam para que sejam voluntários. Imagine seu patrão perguntando se você quer ser voluntário a diminuir salário e benefícios cara a cara para constranger. É isso que está acontecendo no Santander. Isto tipifica assédio”, explica Fabiano.
Os trabalhadores que receberam a pesquisa estão sendo cobrados a responder por vídeo aos questionamentos, diretamente para os gestores, o que gera constrangimento e configura abuso e assédio.
Massacre do trabalhador
Na mesma live, Sergio Rial também dá declarações sugerindo que estar ocupado não necessariamente significa ser produtivo. “A gente tem que diferenciar estar ocupado e ser produtivo. Estar ocupado não é necessariamente começar uma call às 7 da manhã e terminar às 8 da noite esgotado. Pode ser que em alguns casos não tenha realizado nada que seja relevante para o cliente”, disse o Presidente do Santander.
“Pelo jeito Rial quer trabalho ininterrupto, com salários e benefícios menores. Massacre tanto dentro das agências quanto aos que estão em home office. O programa lançado ‘motor de vendas’ está enlouquecendo os bancários, têm que vender 10 produtos diários e ainda são ameaçados de demissão”, finaliza o diretor do Sindicato.
O Sindicato vai fazer tudo a seu alcance para barrar mais este ataque aos direitos e salários da categoria. Como na luta contra os voluntários para abrir agências aos sábados. Mas precisa que os bancários ajudem e denunciem!
Fonte: Comunicação do SEEB de Santos e Região com SEEB de SP