Depois de anunciar a venda de 8% das ações que possui no Santander Brasil, o controlador Santander Espanha divulgou uma operação semelhante em sua unidade no Chile. A iniciativa do banco espanhol busca cumprir com as novas regras de capital impostas pelo órgão regulador da Europa.
As ações do banco têm reagido em queda aos anúncios, uma vez que dão mais munição à interpretação de investidores de que as filiais têm colaborado para os resultados da matriz espanhola.
Na BM&FBovespa, as units do Santander caíram 6,1%, para R$ 12,84, menor valor desde a estreia na bolsa. No Chile, os papéis recuaram 8,57% e, em Nova York, os recibos de ações perderam 8,75%.
“O Santander Espanha está claramente revelando sua necessidade de aumentar capital”, afirmam os analistas Nicolas Chialva, Regina Sanchez e Thiago Batista, do Itaú BBA. Por conta do “timing” da oferta, depois de a unidade chilena ter apresentado resultados fracos, “ela confirma a crença de que os investidores do Santander Chile estão sujeitos a riscos relacionados aos controladores, cujos interesses nem sempre estão alinhados com os dos minoritários”, diz o relatório.
No Chile, o lucro atribuível aos acionistas caiu 46,9% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o ano passado.
Na operação chilena, 7,8% do capital do banco foi colocado à venda, por meio de uma oferta pública secundária de recibos de ações, os ADSs (American Depositary Shares), que estão nas mãos da sociedade Teatinos Siglo XXI Inversiones, controlada pelo Santander.
A operação deverá movimentar cerca de US$ 1 bilhão e acontecerá em 6 de dezembro. A quantidade de ações no mercado aumentará de 25% para 32,8%. No início do ano, o banco espanhol já havia vendido fatia de 1,9% da participação que possuía nessa unidade em bolsa.
A matriz usará os recursos para alcançar a nova exigência da Associação Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês), que elevou a até 9% a exigência mínima de capital principal dos maiores bancos da região.
Na semana passada, o Santander Espanha já havia anunciado a venda de fatia de 8% da subsidiária brasileira, o equivalente a cerca de R$ 4,5 bilhões, também via ADS. Essa operação não tem data marcada e pode acontecer a qualquer momento. Ontem, os papéis do banco em Nova York negociaram US$ 156,25 milhões, volume 490% superior ao do pregão anterior.
No Chile, as ações do Santander estão avaliadas em bolsa acima do valor contábil, o que vai trazer um ganho de capital no momento em que o banco registrar a operação em seu balanço.
No Brasil, o banco está cotado abaixo do valor patrimonial, o que levou alguns analistas a minimizar a velocidade e quantidade a ser vendida pelo controlador, uma vez que não teria esse ganho. No entanto, analistas destacam que o valor do banco no Brasil embute ágio proveniente da aquisição do ABN.
O regulador espanhol atribui a esse pedaço que embute ágio um valor menor – com a venda, a matriz estaria trocando esses papéis por dinheiro.
No ano passado, o banco já havia vendido 2,75% do Santander Brasil. Com a nova operação, deverá reduzirá sua fatia na unidade brasileira de 82,26% para 74,06%.
Fonte: Valor Econômico