Importante destacar que 63% das 6.934 vagas foram geradas pela Caixa, em função de decisões judiciais que impuseram a convocação de concursados. Estudo do Dieese aponta que entre 2013 e 2020 foram fechados mais de 82 mil postos de trabalho na categoria bancária. Para mudar a situação a luta começa pelo Sindicato!
Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), aponta que a categoria bancária fechou 2021 com o saldo positivo de 6.934 empregos. No geral, o emprego formal no Brasil apresentou a geração de 2.730.597 novas vagas, decorrência de 20.699.802 admissões contra 17.969.205 desligamentos, apesar do saldo negativo de 265.811 postos de trabalho, em dezembro de 2021. O saldo positivo do ano, segundo o Dieese, ocorreu em todos os grandes grupos de atividades econômicas: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+ 140.927); Indústria Geral (+ 475.141); Construção (+244.755); Comércio (+643.754) e Serviços (+ 1.226.026). No caso bancário não é bem assim, existe um saldo positivo mascarado com admissões impostas judicialmente. Há sim um encolhimento da categoria. Sindicalize-se!
Em 2021 foram fechados 5 mil postos de trabalho no setor bancário. Destaca-se ainda que 63% (4.346) dos 6.934 empregos gerados na categoria vieram das contratações da Caixa. Ações judiciais obrigaram o banco público a convocar candidatos aprovados no último concurso. “A Caixa demitiu quase 20 mil empregados de 2014 a 2020, o que representa que, apesar das admissões por conta da luta do movimento sindical, o número ainda é insuficiente”, alerta Eneida Koury, presidente do Sindciato dos Bancários de Santos e Região.
O Dieese aponta também que em 2021 houve a ampliação de 3.722 empregos nas áreas ligadas à tecnologia da informação, que não são bancários, não tem os mesmos direitos, muito menos os salários da categoria, uma das mais bem remuneradas em comparação as outras no Brasil. De acordo com o estudo, em todos os meses de 2021, se nota o crescimento de vagas específicas nesse setor em detrimento do fechamento de postos nas demais ocupações bancárias.
Esse dado reflete a política de digitalização dos bancos, que se intensificou ainda mais com a pandemia. O que representa redução da categoria bancária, de agências físicas e aumento de profissionais da área de tecnologia com menos direitos e salários mais baixos.
Estudo revela o encolhimento da categoria bancária
Um outro estudo do Dieese, coordenado pelo economista Gustavo Carvarzan, recortando um período mais extenso, entre 2011 a 2020, aponta como as transformações do setor financeiro têm sido determinantes para o encolhimento da categoria. Carvarzan mostra que a categoria perdeu 83 mil postos de trabalho entre 2013 e 2020. É como se a Caixa fechasse hoje e extinguisse de uma só vez mais de 80 mil postos de trabalho.
O economista, baseado no livro do teórico britânico da Geografia Urbana David Harvey, “A Condição Pós-Moderna”, classifica o setor financeiro em esferas. A categoria bancária estaria no núcleo central desse universo. São os trabalhadores celetistas, com garantias e vínculos mais duradouros. Em seguida, numa esfera chamada de periférica, aparecem trabalhadores, ainda celetistas, mas vulneráveis do ponto de vista das garantias, com salários mais baixos e cargas horárias médias mais elevadas. Esse grupo costuma ter perfil mais rotativo, com duração média de 12 meses, contra cerca de 8 anos do grupo central.
Carvarzan diz que Harvey chama esse processo de capitalismo de acumulação flexível. Basicamente, explica o economista, é o capitalismo financeirizado como prática do neoliberalismo, que desponta nos anos 1970 nos Estados Unidos e aporta no Brasil com força duas décadas depois. Nessa proposta do capitalismo, esse grupo central, segundo Harvey, tende a encolher ao mesmo tempo em que o grupo periférico se expande.
Esse fosso comparativo entre demissões e admissões nas duas esferas se refletem nos dados de 2021 do setor financeiro. Excluindo a categoria bancária, verifica-se saldo positivo em todos os meses da série apresentada, com geração de cerca de 51.533 postos de trabalho durante o ano de 2021.
Trazendo a teoria do geógrafo britânico para o setor financeiro, os números confirmam essa tendência. Carvarzan afirma que mudanças na área de tecnologia, na legislação trabalhista, nas regulamentações do Banco Central, nas políticas econômicas e na inversão do papel dos bancos públicos, ajudam a explicar os impactos dessa reestruturação no setor financeiro.
Essa mudança coincide com a queda do saldo de empregos na categoria bancária, com as demissões sempre superando as admissões. No período de 2013 a 2020, esse saldo chegou a 83 mil postos de trabalho cortados. De outro lado, o ramo financeiro, excluída a categoria bancária, gerou 117.915 vagas no mesmo período, comprovando o crescimento da periferia do setor financeiro.
O gráfico a seguir exibe o peso da categoria bancária no emprego formal do ramo financeiro entre 1994 e 2018.
No estudo, Carvarzan também revela como o perfil ocupacional da categoria foi alterado nos bancos privados. Ele destaca o crescimento das funções gerenciais, que saltam de 19% (2003) para 24% (2018); e o encolhimento da função de técnico bancário, que cai de 43% para 28% no mesmo período. O economista alerta que a base da pirâmide da categoria, que é o técnico bancário, está cada vez mais achatada. O que dificulta o trabalho sindical, que sempre foi conscientizador da luta que é preciso imprimir parqa que os trabalhadores defendam seus direitos, empregos e aumento de salários desde a base.
É muito importante que os bancários e bancárias façam sua crítica ao projeto neoliberal que está em curso e se organize com os sindicatos para existir, resistir e lutar.
Periferia precarizada
O crescimento da esfera periférica do setor financeiro, sustenta Rita Lima, tem como um dos seus principais objetivos a redução de custos dos bancos com vista a lucros ainda mais altos. “A ganância dos bancos não tem limite. Os banqueiros usam como desculpa que estão se reestruturando para acompanhar as mudanças tecnológicas do mercado, mas na verdade se aproveitam para reduzir salários, retirar direitos e aumentar as cargas horárias. É a lógica perversa de tirar mais do trabalhador, gastando menos”. O crescimento da esfera periférica, completa a dirigente, está aprofundando o processo de precarização do trabalhador do setor financeiro.
O gráfico de comparativo de salários de admitidos e desligados em 2021 (abaixo) comprova que a precarização do setor financeiro, que é uma marca na esfera periférica, já pressiona para baixo os salários da categoria bancária.
Nos bancos comerciais, que inclui os grandes, a queda entre salário de admissão e desligamento foi de 32,7%. A queda se repetiu, um percentual menor, nos bancos múltiplos e nas caixas. Apenas nos bancos de investimentos, que tem um outro perfil de profissional, que esse percentual se inverteu.
No gráfico abaixo, que recorta apenas a categoria bancária, esse achatamento salarial é ainda mais visível. Em janeiro de 2021, o salário médio do bancário admitido era de R$ 6.070 e o do desligado, R$ 6.112. Em dezembro de 2021, o do admitido caiu para R$ 5.254 e do desligado para R$ 7.010.
O estudo do Dieese destaca ainda que o salário de admissão de um trabalhador bancário é quase três vezes superior ao salário de admissão do trabalhador formal brasileiro geral.
“É bom lembrar que as faixas salariais, PLRs e direitos da categoria bancária são umas das maiores entre os trabalhadores brasileiros e arrisco dizer da América Latina. Tudo foi conquistado com muita luta sindical por décadas. Portanto, é preciso lembrar que todos devem se engajar na batalha do Sindicato x bancos e o neoliberalismo e filiarem-se na entidade, para que continuemos a brigar por nossos interesses”, ressalta Élcio Quinta, presidente eleito do Sindicato dos Bancários de Santos e Região que tomará posse em 1º de abril de 2022.
A LUTA COMEÇA PELO SINDICATO!
Fonte: Seeb do ES com edição da Comunicação do SEEB de Santos e Região