No Brasil, 42 bilionários acumulavam US$ 176,4 bilhões no ano passado
Quase metade da população do mundo (3,4 bilhões de pessoas) vivia com menos de US$ 5,5 por dia em 2018. Na outra ponta, atualmente, há 2.208 bilionários cuja riqueza aumentou US$ 2,5 bilhões por dia em 2018. A fortuna dos bilionários do mundo aumentou 12%, enquanto a metade mais pobre do planeta (3,8 bilhões de pessoas) viu sua riqueza reduzida em 11%.
É o que revela o relatório “Bem público ou riqueza privada?”, produzido pela Oxfam, organização global de combate à pobreza e à desigualdade, e apresentado nesta segunda-feira, 21, no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.
Ainda de acordo com o relatório, o 1% mais rico da América Latina e Caribe concentra 40% da riqueza da região. O Brasil tinha 42 bilionários em 2018, com riqueza total de US$ 176,4 bilhões.
Apenas 4 centavos de cada dólar de receita de impostos vêm de taxação sobre riqueza. Em países como Brasil e Reino Unido, os 10% mais pobres estão hoje pagando uma proporção maior de impostos do que os 10% mais ricos.
O número de bilionários no mundo quase que dobrou desde a crise financeira de 2007-2008 – de 1.125 em 2008 para 2.208 em 2018. E os homens têm 50% mais do total de riqueza do mundo do que as mulheres.
“Uma das grandes conquistas das últimas décadas tem sido a enorme redução no número de pessoas que vivem na pobreza extrema, definida pelo Banco Mundial como uma renda de US$ 1,90 por pessoa, por dia. No entanto, novas evidências apresentadas pelo Banco Mundial mostram que o índice de redução da pobreza caiu pela metade desde 2013”, diz o estudo.
Ainda segundo o relatório, uma taxa extra de apenas 0,5% sobre a riqueza dos bilionários que fazem parte do 1% mais rico do planeta arrecadaria mais do que o suficiente para educar as 262 milhões de crianças que estão fora da escola hoje no mundo, e também providenciar serviços de saúde que poderiam salvar a vida de mais de 3 milhões de pessoas.
Há solução
A fim de combater a concentração cada vez maior de renda nas mãos de poucas e privilegiadas pessoas, a Oxfam defende concentrar esforços em três áreas principais:
Serviços públicos e fim das privatizações
Proporcionar saúde, educação e outros serviços públicos de forma universal e gratuita, acessíveis também para mulheres e meninas.
Parar de apoiar a privatização dos serviços públicos.
Fornecer aposentadoria, salário-família e outras formas de proteção social a todos.
Implementar todos os serviços de forma a garantir que também atendam às necessidades de mulheres e meninas.
Igualdade de gênero
Liberar tempo das mulheres, reduzindo os milhões de horas não remuneradas que elas passam cuidando de suas famílias e lares, todos os dias.
Permitir que quem faz esse trabalho essencial tenha voz nas decisões orçamentárias e fazer da liberação do tempo das mulheres um objetivo fundamental dos gastos públicos.
Investir em serviços públicos, incluindo água, eletricidade e creches, que reduzam o tempo necessário para realizar esse trabalho não remunerado.
Construir todos os serviços públicos de maneira que funcionem para quem tem pouco tempo livre.
Reforma tributária e combate à sonegação fiscal
Acabar com a subtributação de empresas e pessoas ricas.
Tributar a riqueza e capital em níveis mais justos.
Interromper a redução generalizada do imposto de renda de pessoas físicas e de empresas.
Combater a sonegação fiscal de empresas e indivíduos super-ricos.
Chegar a um consenso sobre um novo conjunto de regras e instituições globais para reformular os fundamentos do sistema tributário com o objetivo de torná-lo justo, com os países em desenvolvimento tendo participação igualitária.
Fonte: Seeb SP