De acordo com nota técnica elaborada pela Aesel, a privatização da Eletrobras elevará a conta de energia em, pelo menos, 14%
Às vésperas da votação da privatização da Eletrobras, a Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel) elaborou uma nota técnica capaz que mostra os efeitos da privatização da estatal para a população.
De acordo com dados levantados pelos engenheiros da Aesel, a conta de energia elétrica deverá aumentar ao menos 14% com a privatização da empresa.
Isso ocorrerá porque a Eletrobras, que hoje pratica os menores preços do mercado de geração de energia, sofreria com a descotização de usinas. Atualmente, o valor da energia entregue pelas usinas cotizadas é de aproximadamente R$ 61/MWh. Contudo, com a privatização, haveria um processo de descotização, que aumentaria os preços pelos próximos trinta anos de concessão.
No mesmo sentido, hoje a empresa estatal é dententora de 30% da geração, 45% da transmissão e mais de 52% das reservas hidrológicas de energia elétrica no Brasil. Como os rios não podem ser divididos na produção de eletricidade, o setor tenderia a se oligopolizar. Com a atuação de poucas empresas na produção e distribuição de energia, recursos finitos e com o lucro como objetivo final, os consumidores deverão sentir os efeitos da privatização em seus bolsos.
As melhores empresas de energia elétrica são públicas
Apesar de muitas empresas estaduais de distribuição de energia já terem sido privatizadas, as líderes do segmento, na opinião pública, ainda são as estatais. De acordo com Íkaro Chaves, engenheiro Eletricista e Diretor da Aesel, a Celesc, Cemig e Copel são consideradas as melhores distribuidoras segundo a Aneel.
Bem como, as três empresas têm sido um ponto fora da curva na oferta de energia no Brasil. “Por exemplo, o Norte teve reajustes enormes entre 2018 e 2019, depois das privatizações. Temos visto em Goiás reajustes enormes e queda na qualidade do serviço”, explica o diretor da Aesel. Já as três empresas públicas seguem liderando rankings de bom atendimento, com reajustes anuais menores do que as concorrentes privadas.
Privatização da Eletrobras está na Câmara dos Deputados
Em meio a um período de seca atípica, para o qual o governo já criou uma sala de situação para acompanhamento dos impactos da crise hídrica no setor elétrico, a Câmara dos Deputados deve votar a privatização.
Segundo o vice-presidente da Casa, Marcelo Ramos (PL/AM), a MP 1031/21, que trata da privatização da estatal, entrará na pauta dessa semana no plenário.
Íkaro Chaves acredita que o timing dessa decisão colabora com a criação de uma “tempestade perfeita”. Em meio às crises sanitária, política, econômica e hídrica, “a Privatização da Eletrobras é um crime contra a economia popular”.
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fonte: reconta aí
Escrito por: Renata Vilela