O avanço das condições de saúde nas últimas décadas fez crescer a população idosa do Brasil, mas a Previdência Social ainda não cobre pelo menos 20% dos homens e mulheres em idade de aposentadoria. De acordo com um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado em 12/05, os negros têm um ligeiro desprivilegio em relação aos brancos para terem acesso aos benefícios.
Entre os negros, que ultrapassaram a população branca e compõem 97 milhões de brasileiros, há 77,3% atendidos por benefícios como previdência, assistência social e pensões por morte. Entre os brancos, que incluem aproximadamente 91 milhões de pessoas no país, há atendimento para 78,3%. O Brasil tem cerca de 16,6 milhões de idosos. Os dados foram compilados com base na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2009.
“Essa diferença realmente existe e pode se acentuar conforme temos mais negros envelhecendo”, disse Ana Amélia Camarano, uma das autoras do estudo. “Temos uma crescente população idosa por causa da alta fecundidade do passado, da época do baby boom, nos anos 50 e 60. Também nessa época caiu a mortalidade infantil. A população que está envelhecendo hoje é a grande beneficiária do avanço da tecnologia médica”, afirmou.
O estudo indica que a proporção de beneficiários cresce conforme a idade. Aos 80 anos ou mais, 95,5% dos brancos recebiam benefícios da Previdência. Os negros dessa faixa etária atendidos pelo sistema eram 90,5%. O piso para benefícios desse tipo é de um salário mínimo.
Há também 25,1% dos idosos brancos que ainda trabalham, enquanto esse grupo entre os negros é de 20,9%. “Uma das consequências da ampliação da cobertura da seguridade social é a proporção menor de pobres entre os idosos. Isso se verifica para os dois grupos, mas a proporção de negros pobres, idosos ou não, é maior do que a de brancos”, disse a pesquisadora.
Fonte: u