Funcionário cobra condições adequadas de trabalho e que banco contribua para que Previ possa adotar regra similar do INSS para aposentadoria de pessoas com deficiência.
Um bancário com paralisia cerebral que, como vários empregados, ingressou no BB crente de que teria condições adequadas no ambiente de trabalho, enganou-se. Empregado do banco há cerca de dois anos, queixa-se de problemas com falta de estrutura e do trato com as pessoas.
“Desde os primeiros dias de trabalho percebi que muitos funcionários têm dificuldade, e até resistência, em lidar com uma pessoa com deficiência. Cheguei a ser discriminado por conta disso”, relata, descrevendo outras adversidades. “Mesmo tendo dificuldade de locomoção me colocaram em um local sem elevador onde tenho de subir e descer escadas. Até equipamentos simples, como um headset, enfrentei resistências para conseguir. Mas, com muito esforço, consigo manter desempenho melhor que outros colegas que entraram no BB na mesma época. A diferença é que os vejo subindo na carreira, enquanto eu e muitos PCDs que conheço ficamos estagnados no cargo de escriturário.”
Reação
Para mudar essa dura realidade, começou a participar de fóruns de debate sobre condições de trabalho, sendo delegado no 27º Congresso Nacional dos Funcionários do BB. Partiu dele uma proposta para a pauta específica da Campanha Salarial 2016, aprovada por unanimidade: que o banco aumente sua contribuição à Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do BB) para que possa adotar regras similares do INSS e as pessoas com deficiência tenham direito à aposentadoria com menor tempo de contribuição e sem prejuízo no benefício.
“Na lei (147/2013) ficou definido que conforme o grau de deficiência – grave, moderado ou leve – esses trabalhadores reduzem o tempo de contribuição para a Previdência e para a aposentadoria. No meu caso, a redução seria de seis anos. Acho justo que isso seja feito também pela Previ, pois tanto eu como centenas de colegas teremos dificuldades em atender os requisitos atuais”, explica o bancário. “Decidi participar dessas discussões para chamar a atenção de todos para os problemas que enfrentamos e cobrar do banco que nos dê condições adequadas de trabalho e oportunidade na carreira.”
BB fora da lei
O Banco do Brasil nem sequer cumpre a cota de 5% do quadro para os PCDs como manda a legislação. A direção do banco alega haver dificuldades em atender a exigência em função de as admissões serem feitas via concurso público. Mas o que notamos é falta de empenho em resolver essa questão, tanto no aspecto do encarreiramento quanto em estrutura adequada nos setores. O desinteresse é tamanho que em normativos da empresa e no balanço que divulga anualmente ainda constam incorretamente termos como pessoas portadoras de deficiência.
De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o balanço do BB de 2015 apresenta um total de 109.191 funcionários. Destes, apenas 1.484 (1,4%) são PCDs. Pelo seu porte, para cumprir a Lei das cotas (8213/91), a empresa teria de ter em seu quadro 5% de trabalhadores nessas condições – ou seja, faltam 3.976.
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Fonte: SEEB SP