Procedimento ajuda a detectar câncer de colo de útero e alterações causadas pelo HPV.
O Papanicolau é um exame que deve estar no topo da lista de prioridades de todas as mulheres sexualmente ativas. Cada vez mais há estudos que comprovam a importância dele. Um destes estudos, divulgado pela revista Science Translational Medicine, aponta que o teste poderá detectar até câncer de ovário e câncer de endométrio, além de câncer de colo do útero e outras doenças.
Também chamado de Citologia ou Colpocitologia Oncótica, o exame é poderoso e ao mesmo tempo simples – consiste na coleta de material do colo do útero com uma “colher de raspagem”. De acordo com um estudo publicado na edição online do British Medical Journal (BMJ), a taxa de sobrevivência de mulheres com câncer de colo do útero detectado pelo exame chega a 92%, enquanto aquelas que são diagnosticadas apenas pelos sintomas apresentam uma taxa de sobrevivência de 66%. Para tirar as dúvidas mais comuns sobre como o Papanicolau funciona, confira as respostas de ginecologistas a seguir.
1. O Papanicolau ajuda a detectar quais doenças?
Além do câncer de colo do útero e de suas lesões, o exame ajuda a diagnosticar infecções vaginais como Gardnerella vaginalis, Tricomoníase e candidíase. “Como a coleta do exame envolve exame genital, também é possível perceber doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis, gonorreia, condilomatose, clamídia e cancroide”, afirma o ginecologista Rodrigo Hurtado, da clínica Origen de Contagem (MG).
2. Com qual a idade a mulher precisa realizar o exame?
De acordo com as Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, lançadas pelo Inca em 2011, devem-se submeter ao exame mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual. No entanto a ginecologista afirma que não há uma idade certa. Assim que inicia a sua vida sexual, a mulher já deve começar a realizar a citologia. “O vírus HPV só pode ser transmitido ao colo uterino por relação sexual e é este o principal causador de câncer de colo do útero”, explica.
3. Qual é a melhor época para realizá-lo?
Segundo Rodrigo, o único período que impossibilita a realização do exame é nos dias em que a mulher está menstruada. Antes de marcar o exame, portanto, é preciso checar o calendário menstrual e calcular quando será a próxima menstruação.
4. De quanto em quanto tempo ele precisa ser feito?
“O ideal é fazer uma vez por ano”, conta o ginecologista. Em casos de alto risco, como quando a mulher tem HPV, o médico pode recomendar um exame mais frequente, de seis em seis meses por exemplo.
5. Há algum risco à mulher?
Rodrigo Hurtado garante que não há qualquer risco. “Ao contrário, o exame permite o diagnóstico precoce com grandes chances de tratamento e cura”, alega o médico.
6. O Papanicolau detecta HPV?
Na verdade, esse teste não é específico para detectar HPV. “No entanto, o exame pode detectar a presença de anormalidades nas células do colo ou da vagina que são causadas pelo HPV”, explica o ginecologista Achilles Cruz, de São Paulo, especialista em ginecologia e obstetrícia pelo Hospital das Clínicas da FMUSP.
Se isso acontecer, o médico irá indicar exames complementares, como a Colposcopia e a Captura Híbrida. O primeiro exame avalia o tecido de revestimento do colo da vagina através da ampliação da imagem e da aplicação de reagentes. “Na presença de alterações, será feita a biópsia do tecido que permite identificar a infecção pelo HPV”, explica Achilles. Já a Captura Híbrida é um exame de tecnologia avançada que detecta se há um ou mais tipos do vírus HPV, que podem causar o câncer de colo do útero.
7. O Papanicolau pode falhar?
Pode. “Estudos mostram que cerca de 50% das pessoas infectadas podem ter falha na detecção do vírus HPV por meio do teste de Papanicolau”, conta Achilles Cruz. Por isso, é importante realizar exames complementares dependendo das condições da mulher – o ginecologista terá o cuidado de avaliar quais casos são necessários.
8. A mulher pode ter relações sexuais no dia anterior ao do exame?
Não. Para ter uma maior eficácia no resultado, os médicos recomendam os seguintes cuidados a serem adotados 48 horas antes do exame:
– Não usar creme e/ou óvulo vaginal
– Não utilizar ducha na região e não fazer lavagem interna
– Não realizar exame ginecológico com toque, ultra-sonorgrafia transvaginal e/ou ressonância magnética da pelve
– Não manter relações sexuais, com ou sem uso de preservativos.
9. Mulheres virgens também podem fazer o exame?
Sim, as mulheres virgens também podem realizar o exame de Papanicolau, mas são situações especiais indicadas pelo médico. “A coleta do material, neste caso, é feita por meio da utilização de espéculo próprio para mulheres virgens, com o auxílio de uma espécie de cotonete”, explica o ginecologista Achilles, que também garante que não há prejuízo para a paciente, nem risco de ruptura do hímen.
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Fonte: Minha Vida