Pesquisa ainda revela que 43% das pessoas acreditam que as “panelinhas” corporativas prejudicam o ambiente de trabalho
Grande parte dos profissionais brasileiros pratica ou tolera assédio em seu ambiente de trabalho, segundo um levantamento realizado pelo IPRC (Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental). A pesquisa foi feita em 24 empresas brasileiras privadas e teve 2.435 respostas de funcionários e candidatos a vagas.
Como o assédio pode se manifestar de muitas formas, desde a violência psicológica até a sexual, o levantamento foi subdividido em três temas: assédio moral, assédio sexual e corporativismo. Foram sugeridas hipóteses de conflitos éticos para entender o nível de resistência e os dilemas que os empregados poderiam estar expostos.
Os dados indicaram que 41% dos profissionais se omitiriam na vivência ou no conhecimento da ocorrência de assédio moral. Quando se trata de assédio sexual esse número vai para 37%. Já o corporativismo, famosa “panelinha” é tolerada por 47% dos respondentes.
Assédio moral
A violência moral é um conjunto de comportamentos que denotam uma imposição ao assediado, exercendo assim um domínio e subjugando a vontade do outro à sua.
No levantamento, cerca de 37% dos profissionais apontam alta resistência quando deparam com dilemas que envolvem assédio moral, ou seja, não aceitam a prática que ocorre na organização. No extremo oposto, estão 18% que toleram e consideram algo normal e aceitável, muitas vezes acreditando ser o único caminho para o alcance de resultados.
Entre os dois perfis, estão 41% dos participantes que mesmo vivenciando assédio moral ou testemunhando o problema se omitiriam.
Assédio sexual
Previsto no Código Penal, art. 216-A, o assédio sexual é o ato de constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual geralmente praticado às escuras, para que não se possa identificar facilmente o comportamento do assediador.
A resistência frente a essa forma de assédio foi maior no levantamento, 43% das pessoas respondeu não aceitar o assédio sexual em seu ambiente de trabalho. Porém, 37% dos pesquisados possuem flexibilidade ética quanto ao tema. Apesar de entenderem que se trata de um crime, caem na “cultura da indiferença” ao não se importarem que colegas sofram intentos de um superior.
E uma significativa minoria de 16% busca deliberadamente se aproveitar da posição hierárquica que possui para tentar subjugar subordinados para favores sexuais.
Corporativismo
É a prática do uso de poder dentro da organização que privilegia o bem-estar de determinados grupos sobre o dos funcionários como um todo. Muito mais aceito que as outras formas de violência, também prejudica os empregados pelos abusos psicológicos e omissões em temas comuns.
Entre os entrevistados, 43% classificaram o corporativismo como nocivo à empresa. Essa percepção acontece por este grupo enxergar que as “panelinhas” causam desunião e distanciamento. Há uma minoria de 7% que pratica de forma consciente e deliberada, visando um benefício futuro ou até mesmo imediato com essa atitude
Já 47% dos empregados aceita participar ou mesmo presenciar ações coletivas de grupos para a “politicagem”, desde que não sejam explícitas e diretamente nocivas a outros colegas.
Fonte: Você S/A – 10 jun 2020
Escrito por: Monique Lima