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Número de famílias com dívidas atinge maior nível em 12 anos

2 de dezembro de 2021

Endividamento atinge 74,6% das famílias do País

Em outubro de 2021, o percentual de famílias brasileiras endividadas chegou ao maior patamar em 12 anos. Segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o endividamento – com atrasos ou não – atinge 74,6% das famílias do País.

 

A Peic, elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens e Turismo (CNC), iniciou sua série histórica em janeiro de 2010. Antes de julho de 2021, a proporção de famílias com dívidas nunca havia superado 70%. Para Denise Kassama, vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), o cenário econômico e as opções do governo explicam o aumento crescente do endividamento.

 

“Era previsível que iria acontecer. Estamos vivendo o impacto de uma inflação que continua crescendo, o nível de desemprego continuando alto. E a extrema pobreza aumentando cada vez mais. Em cenários de juros altos, as pessoas não conseguem saldar suas dívidas no cartão, começam a utilizar cheque especial. Tudo isso tem um impacto pesado no orçamento das famílias”, diz.

 

Outubro de 2021 apresenta elevação no nível de endividamento tanto na comparação mensal quanto na variação anual. Em setembro de 2021, o índice havia ficado em 74%. Já em outubro do ano passado, 66,5% das famílias tinham dívidas.

 

O percentual de famílias com dívidas atrasadas subiu 0,1 ponto percentual de setembro a outubro de 2021, passando de 25,5% para 25,6%. Houve queda em relação a outubro de 2020 (26,1%).

 

Na perspectiva de Kassama, as opções tomadas pelo governo federal para combater a inflação comprometem ainda mais a situação dos endividados.

 

“A medida escolhida pelo governo para combater a inflação foi o aumento de juros. Aumento de juros é bom para quem investe dinheiro no mercado financeiro, mas para quem está endividado, só aumenta a dívida. Além disso, o aumento da pobreza acelerado pela questão da pandemia também contribuiu. Enquanto estiver neste cenário de inflação, nossa expectativa é pessimista”, critica.

 

Para a economista, é necessário que o governo adote uma política que “combata a inflação mas não penalize a camada de renda mais baixa na população”, o que exige, entre outras coisas, a adoção de medidas e programas sociais.

Crédito: freepik
Fonte: Reconta Aí
Escrito por: Rafael Locateli

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