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Negras, jovens e pessoas com pouco estudo são a cara do desalento no país

25 de setembro de 2019

Número de desalentados no Brasil mais do que triplicou em cinco anos e chegou a quase 5 milhões de pessoas, quase 5% da população economicamente ativa

Mulher jovem, preta ou parda e com baixa escolaridade. Esse é o perfil dos desalentados no Brasil, parcela da população que mais do que triplicou em cinco anos e chegou a quase 5 milhões de pessoas, quase 5% da população economicamente ativa.

 

Os dados fazem parte do estudo “Quem são os desalentados do Brasil?”, dos pesquisadores Paulo Peruchetti e Laísa Rachter, do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, com base nos números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).

 

São considerados desalentados pessoas que desistiram de procurar emprego porque não têm esperanças de que irão encontrar, apesar de estarem disponíveis e com vontade de trabalhar.

 

Além de analisar os grupos mais atingidos pelo fenômeno, os pesquisadores estimaram qual a probabilidade de esses fatores socioeconômicos levarem o indivíduo à condição de desalentado, independentemente do nível de renda e dos choques nos mercados de trabalho macroeconômicos e regionais.

 

O modelo indica que mulheres têm probabilidade 2,1 pontos percentuais maior de se declararem desalentadas que os homens.

 

Indivíduos que completaram pelo menos o ensino médio, por outro lado, têm probabilidade 3 pontos percentuais menor de serem desalentados que indivíduos sem ensino médio completo.

 

“Esse é um efeito considerável levando em conta que a probabilidade de desalento é de cerca de 4,2% no período mais recente”, dizem os pesquisadores.

 

A principal razão declarada pelos que desistiram de procurar emprego foi não haver trabalho na localidade onde moram: 63% afirmaram que desistiram de procurar emprego por essa razão.

 

Outros 20% não encontraram trabalho adequado, 10% apontaram a idade como motivo e 8% citaram a falta de qualificação ou experiência.

 

Marina Bezerra Fernandes, 25, que começou a trabalhar aos 15 anos, hoje não estuda, não trabalha e não está procurando emprego.

 

Desistiu porque não conseguiu encontrar um salário adequado a sua necessidade.

 

Ela mora com o pai, hoje aposentado, e a avó, de 96, que tem Alzheimer.

 

A única renda da casa, atualmente, é a aposentadoria do pai, de R$ 2.500.

 

“Precisaria de um emprego que me desse estabilidade, que não me desgastasse tanto e no qual eu ganhasse mais, porque não posso deixar de lado a minha avó. Mesmo meu pai tendo se aposentado neste ano, ele ainda faz alguns bicos e alguém precisa ficar com ela durante o dia.

 

Assim, não compensa eu ter um trabalho que paga pouco, porque teríamos que pagar alguém para cuidar da minha avó durante o dia. E, por enquanto, não temos como pagar”, afirma Fernandes.

 

O estudo do Ibre mostra que, regionalmente, destacaram-se os aumentos da participação, no total de desalentados, de moradores do Maranhão (de 8,9% para 12,1%) e de São Paulo (de 5,7% para 9,6%).

 

A participação da Bahia registrou a maior queda (de 19,2% para 15,7%), mas é ainda a maior do país.

 

Nos últimos cinco anos, entre o segundo trimestre de 2014 e o mesmo período de 2019, houve aumento na fatia de homens (de 40% para 45% do total), pretos (de 7,6% para 11,2%) e pessoas com ensino médio completo (de 21,4% para 25%) ou superior incompleto ou completo (de 2,6% para 6,7%) no total de desalentados.

 

Os pesquisadores afirmam, no entanto, que homens e pessoas com nível mais alto de instrução continuam sendo minoria entre desalentados.

 

Houve pouca mudança em relação à idade. Os grupos de 14 a 33 anos concentraram, no segundo trimestre de 2019, 51% dos desalentados. Eram 53% cinco anos antes.

 

A pesquisadora Laísa Rachter, uma das autoras do estudo, afirma que a persistência do desalento e do desemprego e níveis elevados afeta o nível de produtividade do país e dificulta a volta dessas pessoas ao mercado de trabalho.

 

“Quando as pessoas ficam muito tempo fora do mercado de trabalho, isso vai depreciando sua eficiência, sua produtividade, seu capital humano. Isso gera uma certa cicatriz e vai se refletir na economia como um todo”, afirma a pesquisadora.

 

“Tudo isso gera uma histerese [efeito duradouro ou permanente criado por longas crises] do mercado de trabalho”, diz Rachter.

 

A piora do desalento e de outros indicadores no mercado de trabalho é fruto da recessão de 11 trimestres verificada do 2º trimestre de 2014 ao 4º trimestre de 2016 e do fraco crescimento econômico registrado desde então.

 

A previsão é que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça neste ano ao redor de 0,80%, menos que os 1,1% registrados em 2017 e 2018. Para 2020, as estimativas apontam mais um ano de alta inferior a 2%.

 

Enquanto isso, a taxa de desemprego medida pelo IBGE começa a cair e fechou em 11,8% no trimestre encerrado em julho, com 12,6 milhões de brasileiros desocupados.

 

Ainda segundo o instituto, o recuo pode ser explicado pelo recorde de criação de vagas informais de trabalho.

 

Enquanto isso, foram gerados 461 mil empregos com carteira assinada no acumulado de janeiro a julho deste ano, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do ministério da Economia.

 

Os números são corroborados por um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado na última quarta-feira (18).

 

A pesquisa mostrou que a queda no desemprego está concentrada em vagas com remuneração de até dois salários mínimos e em trabalhadores informais ou que atuam por conta própria.

Crédito: katemangostar/freepik
Fonte: Olhar de classe

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