Banco apresentou proposta de banco de horas negativo que não satisfaz trabalhadores, mas se mostrou disposto a negociar melhorias. Por outro lado, insiste em defender o programa Motor de Vendas, que resulta em cobranças e adoecimentos
Na mesa de negociação com o movimento sindical, nesta sexta-feira 10, o Santander apresentou uma proposta de banco de horas negativo considerada insuficiente pelo movimento sindical: anistia de 10% das horas devidas, começando a contar desde 1º de abril de 2020, e com 18 meses para compensar. O movimento sindical reivindica que comece a contar somente a partir de 1º de maio, que sejam abonadas todas as horas de final de março e abril, que os trabalhadores tenham 12 meses para compensar o restante e que, o que não for compensado nesse período seja abonado.
Para os dirigentes sindicais, existe discordância quanto ao prazo de compensação e quanto ao início da contagem das horas. Os representantes dos funcionários querem que o banco melhore o prazo e anistie uma quantidade maior de horas. O banco ficou rever e nos apresentar nova proposta na próxima semana.
É importante destacar que em outros países, o Santander nem sequer adotou a compensação de horas negativas resultantes da pandemia de coronavírus. Portanto, esperamos uma proposta mais vantajosa para os bancários brasileiros. Não podemos aceitar uma proposta que seja danosa aos trabalhadores.
Motor de Vendas
Por outro lado, o Santander voltou a defender o Motor de Vendas, objeto de diversas denúncias de bancários ao Sindicato. Para o banco, o programa de metas tem o objetivo de orientar os trabalhadores na entrega de metas diárias, o que, segundo o Santander, incentivaria os funcionários. Não é esse relato que chega até o movimento sindical. Os bancários contam que são cobrados diariamente por audio-conferências e por telefone, que se sentem assediados, e que esse clima de pressão constante tem causado adoecimentos psíquicos e físicos.
Esse programa Motor de Vendas também aumenta a sobrecarga dos bancários, uma vez que, como o banco mesmo admitiu, as metas diárias não anulam as metas mensais do programa Mais Certo, o tradicionalmente implementado na rede de agências. O movimento sindical cobrou maior transparência do Santander em relação às metas, uma vez que já existe um programa mensal, não há sentido estabelecer mais metas diárias.
É desumano que o banco aumente a pressão por venda de produtos em um momento de grave crise sanitária. Quem está interessado em adquirir capitalização, seguro ou outro produto nesse momento, em que a economia também está mal e o desemprego ainda mais alto? Outro problema é que o risco de contaminação torna inviável que os bancários visitem ou encontrem clientes para tentar vender produtos. Vamos insistir com o banco que pare a cobraça por metas, prática ainda mais condenável durante uma pandemia.
O representantes do Santander, apesar de defenderem o programa, se comprometeram a orientar os gestores sobre essas cobranças. Existe um acordo de boas práticas de gestão firmado com o banco, e os dirigentes sindicais cobraram que o Santander faça cumprir esse acordo.
Salário dos afastados
Outro ponto discutido na reunião foi a complementação de salário para afastados pelo INSS. Os representantes do bancos disseram apenas um pequeno grupo está afastado, e que está sendo feita a complementação de salários sem prejuízos para os trabalhadores. Disseram ainda que o banco está aberto para discutir os casos pontuais, a fim de que nenhum trabalhador seja prejudicado. Os bancários que estejam afastados e com algum problema em relação a sua remuneração, devem procurar o Sindicato.
Mudança de função GA e GR
Por fim, foi debatida a alteração de função do GA e do GR. O Santander passou para o gerente de relacionamento a responsabilidade por abrir contas de novos clientes, tanto pessoas físicas quanto jurídicas; isso antes era feito pelo Gerente de Atendimento, que para isso conferia documentos e assinaturas antes que o processo fosse formalizado.
Os dirigentes sindicais manifestaram sua preocupação com a possibilidade de fraudes e que isso pudesse resultar na responsabilização do trabalhador e a uma consequente demissão. Mas o banco informou que fez um controle das contas abertas nos últimos meses e que houve redução das fraudes.
>> Santander cobra metas em plena pandemia
Fonte: SEEB SP – 10/07/2020
Escrito por: Redação Spbancarios