Bancárias exigem maior rigor na apuração de casos de assédio sexual, com total apoio às vítimas e punição aos assediadores; reivindicaram ainda maior participação de negras e negros e de PCDs nos bancos, com oportunidades melhores de ascensão na carreira
Na terceira rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários 2022, que debateu o tema “igualdade de oportunidades”, os representantes dos trabalhadores reivindicaram maior rigor na apuração de casos de assédio sexual, com total apoio às vítimas e punição aos assediadores; reivindicaram ainda maior participação de negras e negros e de PCDs nos bancos, com oportunidades melhores de ascensão na carreira. A Fenaban se comprometeu a priorizar o combate ao assédio sexual, bem como as questões de igualdade de oportunidades, e afirmou ser a favor da igualdade de gênero no ambiente de trabalho.
As reivindicações para o combate ao assédio sexual são:
· Treinamento/informação, com campanhas de prevenção e combate ao assédio sexual no local de trabalho;
· Acolhimento e segurança para as vítimas, com estabilidade no emprego para a vítima;
· Apuração das denúncias por uma comissão bipartite, formada por sindicato e representantes do banco;
· Proteção e assistência às vítimas, com emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho);
· Punição rígida dos culpados, uma vez que a impunidade permite novas ocorrências.
A Fenaban se comprometeu em estudar as demandas e dar uma resposta nas próximas mesas de negociação.
Assédio sexual nos ambientes de trabalho no Brasil
A pesquisa Think Eva e Linkedin ouviu 414 mulheres em todo o país, em 2020. Quase metade delas (47,12%) afirmou já ter sido vítima de assédio sexual no trabalho. Desse universo, a maioria são mulheres negras (52%) e mulheres que recebem entre dois e seis salários mínimos (49%). A pesquisa apontou ainda que uma em cada seis mulheres vítimas de assédio no Brasil pedem demissão e 35,5% afirmam viver sob constante medo.
Além do medo, as entrevistadas apontaram desânimo e cansaço (32%); diminuição da autoconfiança (30%); ansiedade e/ou depressão (28%); afastamento de colegas de trabalho (23%); diminuição da autoestima (22%).
As reações ao assédio para 50% delas foi contar para pessoas próximas, mas um percentual alto não fez nada (33%); 15% pediu demissão; 8% recorreram a canais de denúncia anônimos da empresa; 5% recorreram ao RH da empresa; 4% a grupos de apoio da empresa; 3% a grupos de apoio fora da empresa e 14% manifestaram outros tipos de reação.
Segundo as entrevistadas, as maiores barreiras para as denúncias foram: a crença na impunidade (78% disseram acreditar que nada aconteceria com o assediador); 64% apontaram o descaso (as pessoas diminuiriam a gravidade do ocorrido); para 64% foi o medo de serem expostas; para 60% a descrença (as pessoas não acreditariam); para 60% o medo da demissão; 41% acharam que as pessoas colocariam a culpa nelas; para 27% foi o falta de certeza de que foi assédio sexual; e 16% apontaram sentimento de que a culpa era delas.
Calendário de negociação
A próxima rodada de negociação com a Fenaban será no dia 22 de julho, sobre Cláusulas Sociais e Teletrabalho. Confira o calendário:
· Sexta-feira, 22 de julho: Cláusulas Sociais e Teletrabalho
· Quinta-feira, 28 de julho: Cláusulas Sociais e Segurança Bancária
· Segunda-feira, 1º de agosto: Saúde e Condições de Trabalho
· Quarta-feira, 3 de agosto: Cláusulas Econômicas
· Quinta-feira, 11 de agosto: Continuação das Cláusulas Econômicas
Fonte: SEEB de São Paulo