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Nas ruas da França, resistência

29 de janeiro de 2012

Rodrigo Paixão
Desde setembro, os trabalhadores franceses ocupam as ruas em protesto contra a proposta de Reforma da Previdência. Institutos de pesquisa constataram que mais de 70% do povo francês apóia as mobilizações. A medida já aprovada pelo Senado Francês prevê o aumento de 60 para 62 anos a idade mínima para se aposentar. Prevê também a ampliação da idade de 65 para 67 anos para quem não atingiu o tempo de contribuição exigido ter direito à aposentadoria integral. Com a pior popularidade de um presidente registrada após a segunda guerra mundial, Sarcozy diz que vai “até o fim”.

Mesmo com vários fatores jogando contra, a mobilização não diminuiu. Existe neste momento uma forte repressão em toda a França contra o movimento: até agora foram feitas mais de 1500 detenções. 


Solidariedade de gerações

Dois fatores, em especial, não eram esperados pelos patrões e pelo governo francês. O primeiro, foi a incrível unidade dos diversos setores do movimento sindical francês que inclui as principais centrais sindicais CGT ,CFDT, FSU , CFTC , FO e Solidaires (SUD) e AC. O segundo fator é a entrada em cena do movimento estudantil. A “Jornada de mobilização nacional da juventude” com presença marcante em 21 de outubro colocou nas ruas próximo de 200.000 estudantes universitários e secundaristas. Esta solidariedade entre juventude e trabalhadores já derrotou, em 2006, o projeto de “Primeiro Emprego” que propunha retirada de direitos.


França é “termômetro” para burguesia

A França é o país da Europa ocidental que manteve até aqui a maior parte dos direitos conquistados pelos trabalhadores. Os aproximadamente 3,5 milhões de franceses do setor público e privado que estão em luta contra a Reforma da Previdência, repetem o que foi feito em 2005 quando ajudaram a impulsionar outros protestos contra o “Tratado Constitucional Europeu”. Esse tratado tinha a pretensão de uniformizar cortes de direitos.

Este ano, a Inglaterra anunciou a diminuição de 500.000 empregos e cortes sociais e já começa enfrentar fortes protestos. Países onde não se via grandes mobilizações iniciam processos importantes de luta. É o caso da paralisação nacional de cerca de 10 milhões de espanhóis. Na Itália, milhões também foram às ruas de Roma, para manifestar contra a Fiat e a Cofin que queriam simplesmente anular as convenções coletivas de trabalho.

Se as intenções dos patrões conseguirem se tornar realidade,  os direitos trabalhistas na Europa estarão sob sério risco. Na fila, o governo de Portugal, quer aumentar a idade mínima de aposentar que já é de 65 anos, muito acima da Francesa.

O argumento utilizado no mundo inteiro para cortar direitos sociais é a falta de dinheiro. No entanto, o dinheiro não falta quando é para socorrer bancos e empresas.

Os patrões e os governos querem que a maioria da população pague pela crise capitalista. Atentos a isso, os franceses, convocam um novo dia nacional de luta para o dia 06 de novembro.

Os ecos das ruas francesas precisam ser ouvidos, não somente pelos trabalhadores europeus, mas também pelos brasileiros. A vitória deles é vitória de todos nós, a luta deles é a também a nossa luta.

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