“Privatizar o Banco do Brasil seria passar para os bancos privados o poder de dificultar o crédito no País”, avalia economista
O lucro do Banco do Brasil no terceiro trimestre superou as expectativas, com crescimento de 2,5% em relação ao segundo trimestre de 2019 (lucro líquido ajustado de R$ 4,5 bilhões). Considerando os três trimestres, o lucro líquido ajustado do Banco do Brasil em 2019 foi 36,8% maior do que no mesmo período do ano passado, quando registrou R$ 13,2 bilhões.
O balanço divulgado na última quinta-feira (7) mostra que a expectativa do Banco do Brasil de obter um lucro um pouco maior em relação ao segundo trimestre foi verificada na prática.
Para o economista Sérgio Mendonça “não existem justificativas técnicas” para a privatização do Banco do Brasil, uma vez que o Banco Público apresenta resultados financeiros robustos e em linha com os demais bancos concorrentes. Além disso, o economista ressalta que o banco cumpre um papel de “desenvolvimento inestimável” na economia brasileira, principalmente por meio da concessão de crédito agrícola.
“Privatizar o Banco do Brasil seria passar para os bancos privados concorrentes o poder de dificultar a concessão de crédito no País, essencial para o desenvolvimento econômico, a geração de empregos e a diminuição da desigualdade social”, disse.
O Banco do Brasil revisou para cima o lucro líquido de 2019 – a estimativa é de que crescerá entre 16,5% e 18,5% este ano, acima da meta anterior de 14,5% a 17,5%. Ao ser questionado se é possível pensar em privatização à medida que o lucro do banco ganha impulso, o economista foi direto.
“Não seria necessário privatizar um banco que tem lucro crescente como o Banco do Brasil, uma vez que, sendo o governo brasileiro seu principal controlador, a este também cabe a maior fatia dos resultados positivos”, disse.
“Vender o Banco do Brasil é, além disso, ruim para o resultado fiscal do governo federal, que recentemente tem se valido dos dividendos a que tem direito (como principal controlador) nas empresas estatais para diminuir o déficit fiscal”,conclui.
Contudo, o economista ressalta que o objetivo central de um banco público não pode ser apenas atingir lucros anuais cada vez maiores. “É necessário que o banco público tenha lucro, seja eficiente, mas dentro de padrões de rentabilidade razoáveis, buscando também cumprir seu papel social através de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento”, disse.
Segundo o Dieese, os indicadores apresentados no balanço mostram que o Banco do Brasil é o principal banco do agronegócio brasileiro, respondendo por 58% do mercado de crédito agro no País. Em relação ao crédito rural, a participação de mercado do Banco do Brasil sobe para 65%.
Outro ponto relevante fica por conta do Banco do Brasil ser o único banco que participa da administração do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste (FCO), que em 2019 tem orçamento de R$ 2,6 bilhões, destinados a projetos de desenvolvimento produtivo nos estados da região.
A instituição também tem participação significativa no financiamento ao comércio exterior, respondendo por 16,8% do mercado de operações de câmbio exportação, e 12,6% do mercado de câmbio importação.
“Com diminuição do número de trabalhadores nos últimos anos, o Banco do Brasil tem cortado custos, aumentando a pressão sobre os funcionários que, mesmo assim, continuam gerando resultados positivos para o maior banco do País”, avalia o economista.
Fonte: Reconta aí