A maioria da população brasileira, apesar de gostar de futebol e de torcer pela seleção, é contrária aos gastos bilionários que foram feitos nas obras da Copa. O profundo descontentamento popular permanece mesmo com tanta propaganda e com o clima de comoção que vai se criando com a proximidade dos jogos. Foram mais de R$ 34 bilhões, dinheiro público usado para financiar empreiteiras e grandes empresas, enquanto as áreas sociais não recebem investimentos necessários para reverter as profundas desigualdades sociais que afetam nosso povo.
Para realizar as obras, muitas famílias foram removidas de suas casas, através da violência inaceitável do Estado. É preciso lembrar que o acesso aos estádios será privilégio de poucos. Além disso, as obras não deixarão nenhum legado importante legado ao povo.
Pesquisas apontam que a muitos são contrários à realização da copa. Mas mesmo para quem quer o evento, vai torcer pela seleção e vibrar com os jogos não significa esquecer esses e outros gastos que o governo promove, beneficiando empreiteiras, banqueiros, grandes empresas e o agronegócio. A política econômica do governo Dilma segue orientada para atender ao poder econômico. Já os governos estaduais e municipais não investem na melhoria dos serviços públicos.
Por isso, na copa a juventude e a classe trabalhadora vai sair ás ruas para exigir direitos. Será uma oportunidade rara para cobrar investimentos vigorosos na saúde pública de qualidade, na educação pública, na conformação de um sistema de transporte de massa que melhore a mobilidade urbana e acabe com a humilhação que significa, todos os dias, passar horas num transporte caótico, superlotado e estressante. Além de torcer pela seleção, a classe trabalhadora e a juventude devem ocupar as ruas para exigir moradia digna para milhões de pessoas que são forçadas a viver em condições inadequadas.
Queremos a copa dos direitos
Além de combater a precarização das condições de vida, é necessário barrar a precarização do trabalho que afeta a classe trabalhadora, particularmente os jovens. Na cidade, as formas precarizadas de trabalho – com destaque para as fraudes da terceirização – são a realidade para a maioria das pessoas. No campo, a ausência da reforma agrária, a falta de investimentos na produção de alimentos e na agricultura familiar e, por outro lado, o desrespeito aos direitos dos assalariados rurais – inclusive com escravização de indígenas – são também questões que devem ocupar os cartazes e as bandeiras de luta durante a copa.
Ao preparar nossas lutas durante a copa estamos às voltas com a lembrança dos 50 anos do golpe civil e militar num cenário de ofensiva da direita e do Estado contra o direito de organização e manifestação. Um exemplo é a proposta de lei chamada de antiterror, que criminaliza os movimentos e restringe ainda mais os espaços democráticos. Lutar é um direito! E temos de aproveitar o debate em torno da ditadura para exigir o fim de todo o entulho autoritário que permanece arraigado nas estruturas do país, como as práticas da tortura, a militarização da polícia e o tratamento dispensado para milhões de jovens negros das periferias.
Vamos às ruas por:
– Fim da precarização dos serviços públicos. Investimentos em saúde, educação, moradia e transportes públicos de massa. Mudança da política econômica. Basta de dinheiro para as empreiteiras, bancos e agronegócio. Auditoria da dívida pública. Reforma tributária, agrária e urbana para reverter concentração da renda.
– Fim da precarização do trabalho. Barrar a terceirização e exigir emprego digno para todas/os. Não ao PL 4330. Redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Valorização do salário mínimo. Fim do fator previdenciário.
– Lutar é um direito. Basta de criminalização dos/as lutadores/as sociais. Desmilitarização das polícias, fim das torturas e do genocídio aos jovens negros das periferias. Direito de manifestação e organização popular. Pelo irrestrito direito de greve, no setor público e privado
Leia também: Agências bancárias têm horário de funcionamento diferente em dia de jogo do Brasil
Fonte: Intersindical