Às vésperas de evento cheio de pompa em Brasília, imprensa distorce números em relação à rentabilidade e ignora papel social da instituição pública.
Na véspera da megafesta da Caixa para 6 mil funcionários em Brasília, uma matéria capciosa publicada pelo jornal Folha de S.Paulo distorce números em relação à rentabilidade do banco público para reforçar o discurso do mercado de “mudança de curso na Caixa rumo à profissionalização do banco”.
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A reportagem, que aborda “medidas para aumentar o capital do banco e atender a exigências internacionais de solidez bancária” – na tentativa de justificar o processo de desmonte em curso – , afirma que o pomposo evento para os empregados deve mostrar que de agora em diante a Caixa “terá que atuar com uma independência maior do governo federal”.
Segundo a Folha, a Caixa é um banco que visa única e exclusivamente o lucro e é mostrado no texto como se estivesse dando prejuízo à sociedade.
O jornal esquece que a Caixa é importantíssima para o desenvolvimento do país, como instrumento de Estado. Se é para ter um banco autônomo, como a matéria dá a entender que será daqui para frente com as ações definidas pelo Conselho de Administração, o papel estratégico da Caixa 100% Pública estará totalmente perdido.
Não se pode esquecer a série de audiências públicas promovidas pelo movimento sindical e entidades representativas dos empregados da Caixa no ano passado que reforçaram a importância do banco público para a sociedade, principalmente para municípios com baixa renda per capita.
Imprensa tendenciosa
Outra das distorções da reportagem da Folha é um gráfico intitulado O Desempenho da Caixa, logo abaixo do seguinte parágrafo: “Com o novo estatuto, que foi aprovado com aval do presidente da República, o conselho da Caixa ganhou mais poderes e, agora, tenta evitar que o próprio presidente da República, Michel Temer, interfira demais na gestão do banco”.
O gráfico, que afirma os valores de receita da Caixa serem maiores (acima dos R$ 30 bilhões, corrigida a inflação) nos anos do governo FHC (1995 e 1999), traz como uma das fontes a própria Folha de S.Paulo. A outra é a Caixa.
Mas um levantamento do Dieese baseado nas demonstrações financeiras da Caixa e em estudos da Austin Ratings, demonstra que a rentabilidade do banco público foi maior nos últimos quatro anos (mais de R$ 20 bilhões, corrigidos pelo IPCA). Na era FHC, os números superam os R$ 10 bilhões somente em 2002 (vide gráfico abaixo).
Lucro recorde
A Caixa teve em 2017 um lucro recorde de R$ 12,516 bilhões, aumento de 202,6% em relação ao ano anterior. Foi o maior aumento entre os integrantes do oligopólio financeiro no país. Para este ano, a matéria da Folha fala em “perseguir lucro de R$ 9 bilhões”, com o banco fechando 100 agências no país e vendendo imóveis próprios para atingir a meta.
Segundo o Dieese, a rentabilidade do banco entre 2016 e 2017 praticamente dobrou, passando de 6,6% para 12,9%, reflexo do elevado spread (diferença entre o que os bancos gastam para captar dinheiro e quanto eles cobram para emprestá-lo) e das tarifas altas.
O Brasil não precisa ter um banco 100% público que faça única e exclusivamente a política mesquinha dos banqueiros de lucrar com juros e taxas elevadas. O país precisa de uma Caixa 100% Pública combatendo o déficit habitacional, sendo direta e indiretamente um dos maiores empregadores do Brasil e aumentando o patamar civilizatório do povo brasileiro.
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Fonte: SEEB SP