Segundo Oxfam, 10% dos habitantes mais ricos do mundo são responsáveis por mais de 50% das emissões de dióxido de carbono
A organização não governamental britânica Oxfam afirmou na quarta-feira 2 que 10% dos habitantes mais ricos do mundo são responsáveis por mais da metade das emissões de dióxido de carbono (CO2). Em relatório divulgado durante a 21ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 21), em Paris, a Oxfam informou que, no sentido inverso, metade dos mais pobres no planeta é responsável por apenas 10% das emissões poluentes.
"As alterações climáticas estão intrinsecamente ligadas às desigualdades econômicas. É uma crise induzida pelas emissões de gases de efeito estufa que afetam mais duramente os pobres", diz o relatório intitulado Desigualdades Extremas e Emissões de CO2.
O documento informa que uma pessoa que faça parte do 1% da população mais rica do mundo "gera, em média, 175 vezes mais" dióxido de carbono do que a que está entre os 10% mais pobres do mundo.
Apesar de o cálculo das emissões de CO2 ser feito geralmente em função da produção por país, o estudo analisa sobretudo as formas de consumo individual e tem em conta os produtos importados, comparando ainda os efeitos desses modos de vida sobre o clima.
O relatório da Oxfam mostra também que, mesmo que as emissões totais dos grandes países emergentes progridam muito rapidamente – a China é o mais poluidor do mundo –, "as emissões ligadas ao modo de consumo dos habitantes mais ricos desses países são bem menores do que as dos seus equivalentes nos países ricos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico".
A Oxfam acrescenta que a Índia, o terceiro país mais poluidor do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos, deverá destronar os norte-americanos até 2030.
"É certo que as emissões aumentam rapidamente nos países em desenvolvimento, mas grande parte delas é proveniente da produção de bens de consumo para outros países", ressalta a organização não-governamental britânica.
"Os países em desenvolvimento devem fazer a sua parte, mas cabe aos países ricos mostrar o caminho e assumir as consequências desastrosas do seu modo de consumo e de desenvolvimento", acrescenta o documento.
No início de novembro, os economistas franceses Lucas Cancel e Thomas Piketty divulgaram estudo semelhante e demonstraram que um norte-americano emite, em média, 22,5 toneladas de dióxido de carbono equivalente por ano, valor que corresponde a apenas 2,2% do que produz um cidadão africano.
Fonte: Agência Lusa