No governo Bolsonaro, banco será presidido por especialista em privatizações. Até lá, com reabertura de PDE, mais de 1.600 empregados poderão deixar a empresa
Mais dois duros golpes contra a Caixa Econômica Federal foram dados nesta quinta-feira, 22. Um deles, vindo do futuro governo de Jair Bolsonaro, foi a confirmação de que Pedro Guimarães, um especialista em privatizações, vai presidir o banco a partir de 2019. O outro veio do governo de Michel Temer, com a reabertura do Plano de Desligamento de Empregado (PDE), cujo objetivo é reduzir ainda mais o quadro de pessoal do banco.
A cada dia se intensificam os ataques ao banco 100% público, com forte papel social e a serviço dos brasileiros. O que se tem hoje é um projeto para diminuir e fatiar a Caixa, modelo esse que deve ser mantido pela próxima gestão. Por isso, a resistência dos empregados, das entidades e da sociedade será fundamental para barrar esses e outros retrocessos.
Pedro Guimarães, indicado pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, foi um dos responsáveis por fazer o levantamento das estatais que podem ser vendidas no futuro governo. Sócio do banco de investimento Brasil Plural, atua há mais de 20 anos no mercado financeiro na gestão de ativos e reestruturação de empresas. Na Caixa, especula-se que deverá iniciar sua gestão pela venda da área de cartões de crédito e de seguros.
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A imprensa noticia que a missão dos presidentes da Caixa e do Banco do Brasil será ‘privatizar o que for possível’, vender ativos, reduzir o papel do Estado. Além dos dois bancos, empresas como Petrobras, BNDES, Correios e Eletrobras são patrimônio dos brasileiros, não podem ser entregues a preço de banana para o setor privado com a desculpa de reduzir despesas e elevar a eficiência. O discurso é o mesmo da década de 1990.
Até 1.626 desligamentos
Em relação ao PDE, o objetivo é ter até 1.626 desligamentos, com prazo de adesão de 26 a 30 de novembro. Aderir ao plano de demissão é um direito dos empregados. O que o movimento sindical sempre reivindica é que as vagas deixadas sejam preenchidas. A Caixa tinha 101 mil trabalhadores no final de 2014, e agora serão algo em torno de 84 mil. O que poderemos ter é a redução do número de agências e bancárias e bancários ainda mais sobrecarregados.
Não tem sentido
A Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) lançou em outubro a campanha “Não tem sentido”. O objetivo é mobilizar empregados e brasileiros em geral, mostrando que a Caixa precisa continuar 100% pública, forte e social. Pelo www.naotemsentido.com.br é possível enviar vídeos ou escrever depoimentos apoiando a iniciativa.
Não tem sentido o banco ser presidido por um defensor das privatizações, cuja missão será entregar áreas importantes para o setor privado. Não tem sentido reduzir o quadro de pessoal, prejudicando o atendimento à população e a saúde dos empregados. A Caixa precisa continuar sendo o banco da habitação, do FGTS, do saneamento básico, dos repasses sociais das loterias e dos programas sociais.
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Fonte: Fenae