Enquanto uma parcela da classe média e da população brasileira segue envenenada pelo ódio e o preconceito contra um governo que apostou na conciliação entre as classes, os bancos e uma minoria de rentistas seguem amealhando fortunas, aproveitando-se das taxas de juros e do modelo econômico excludente.
O ódio e o preconceito foram estimulados pela campanha sistemática da grande mídia, articulada a setores reacionários do judiciário e do congresso, numa orquestração golpista para derrubar o governo Dilma e instalar um governo, ainda que ilegítimo, mas disposto a eliminar os direitos trabalhistas e as políticas sociais, entregar o pré-sal e estabelecer, em lei, a independência do Banco Central, entre outras medidas para restabelecer a superacumulação que só beneficia um punhado de bilionários.
A Intersindical não apoia o governo e atua para combater as políticas que prejudicam a maioria da população, mas não tem dúvidas em defender a democracia e barrar o golpe, que vai prejudicar, sobretudo, o povo pobre, a classe trabalhadora e os setores médios da população brasileira.
Não é necessário ser petista ou apoiador do governo para perceber o golpe. Mas é necessário observar quem está por trás das manobras golpistas, como a FIESP, os bancos e o grande capital, nacional e estrangeiro.
Apesar de pouco aparecer, o sistema financeiro é quem comanda a política no mundo e também no Brasil. E um dos muitos erros dos governos do PT foi não enfrentar o poder econômico, particularmente dos bancos, que abocanham quase a metade do orçamento federal na forma de juros da dívida pública.
Mais um exemplo do não enfrentamento ao sistema financeiro foi dado na última quarta-feira, 27, quando o Banco Central manteve em 14,25% a taxa Selic. Para a Intersindical, nenhum governo vai atender às necessidades do povo brasileiro sem baixar a taxa de juros, que se configura no maior programa de transferência de renda dos pobres e assalariados para os bancos e a minoria que acumula fortunas no mercado financeiro.
Porém, se a taxa básica de juros é absurdamente alta, o que dizer das demais taxas cobradas da população pelos bancos nas diversas modalidades de crédito? Extorsão é o mínimo.
Alguns exemplos: a Crefisa, que faz muita propaganda na TV, cobra absurdos 928% no crédito pessoal não consignado. Já o Itaú Unibanco, do Roberto Setúbal que defende a derrubada do governo, morde em 632% quem porventura cair no rotativo do cartão de crédito. E o espanhol Santander, que ganhou de FHC o antigo Banespa, expropria do cliente que cair no limite do cheque especial nada menos que 447% ao ano. Veja você mesmo as taxas desses e de outros bancos, no site do Banco Central.
“A classe média endividada, os pobres e demais trabalhadores têm razões de sobra para estar descontentes e não apoiar o governo Dilma. Mas não apoiar esse governo não pode significar apoio ao golpe articulado por aqueles que querem adotar medidas ainda mais draconianas para beneficiar o ‘andar de cima’ em detrimento da maioria do povo”, afirma Edson Carneiro Índio, Secretário Geral da Intersindical. “Sem falar que os articuladores “públicos” do golpe é gente da laia de Cunha, Temer, Paulinho da Força, Bolsonaro e uma infinidade de parlamentares que deixaram cair suas máscaras durante a votação do impeachment na Câmara dos Deputados no último dia 17”, conclui.
O povo brasileiro precisa derrotar o golpe, enfrentar os interesses dos bancos e do “andar de cima” e impor ao governo Dilma mudanças profundas na agenda do país. Chega de ajuste fiscal, cortes sociais, recessão e desemprego. Chega de discutir reforma da previdência ou ataques ao serviço público, como o famigerado PLP 257.
O Brasil precisa de reforma tributária para que os trabalhadores, os pobres e a classe média paguem menos impostos. Tem de aumentar os impostos dos bilionários, taxando suas fortunas, grandes propriedades e seus jatinhos, como acontece em diversos países desenvolvidos. Que os bilionários paguem a conta da crise!
É preciso uma reforma política para por abaixo esse sistema político apodrecido e controlado pelo poder econômico, raiz principal da corrupção no Brasil. É necessário acabar com o monopólio da mídia e democratizar os meios de comunicação. É preciso democratizar o acesso a terra, ao crédito e às possibilidades de produção em massa de alimentos. É necessária uma profunda reforma urbana, garantindo pleno direito às cidades para todos/as que nelas vivem.
É isso o que a Intersindical vai levar às ruas neste 1º de Maio, Dia Internacional da Classe Trabalhadora. Por emprego, moradia, terra, educação e saúde públicas de qualidade para todos/as. Não ao golpe do grande capital e da direita. Em defesa da democracia e dos direitos sociais para os 99% da população brasileira, que não vive da exploração alheia ou da especulação no mercado financeiro.
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Fonte: Intersindical – Central da Classe Trabalhadora