Movimento sindical denuncia e apresenta reclamações dos bancários que estão participando do projeto-piloto do GERA: metas inatingíveis, mudança de função, acúmulo de função, falta de treinamento e proximidade na pior crise sanitária
Representantes dos funcionários do Itaú se reuniram com a direção do banco, quarta-feira (17), para debater o GERA, programa de remuneração variável do banco que substitui o Agir.
O Itaú iniciou a reunião com uma apresentação do programa, que está em fase de testes em agências de Guarulhos (SP) e do Rio de Janeiro. O GERA aborda os pilares de autonomia, reconhecimento, simplificação e colaboração. O pagamento é mensal e semestral. No mensal são consideradas a produção do funcionário e a satisfação do cliente e no semestral é variável, considerando a questão financeira e a satisfação do cliente.
Metas inatingíveis, mudança de função, falta de treinamento e proximidade na pior crise sanitária
Para os funcionários, o GERA é um Programa com metas inatingíveis, e – com elas – vem o aumento do assédio moral, de demissões e de afastamentos médicos.
Os funcionários estão apavorados com a mudança de função, pois têm de aprender, executar, bater meta, atender cliente e tudo durante a pandemia do coronavírus (Covid-19). Por exemplo, em agências pequenas, na ausência do GA ou do líder de negócio, o GGA vai operacionalizar a agência, temporizar os cofres, abastecer os caixas eletrônicos, contar o numerário oriundo dos diversos caixas eletrônicos da agência, além de entregar a meta do VAI (vendas atendimento Itaú) e ainda entregar a grade do GERA.
Uma das técnicas de treinamento é o conceito carrapato, no qual um trabalhador tem de ficar o tempo todo acompanhando o trabalho do colega, sem o distanciamento adequado, um incentivo à transmissão da Covid-19.
“Desde o início da pandemia, em várias unidades os gerentes são orientados a não relatarem casos de Covid-19 para manterem as agências abertas e conseguirem bater as metas e, assim, não serem demitidos”, diz Élcio Quinta, dirigente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e funcionário do Itaú.
Outro problema apresentado pelos bancários são as senhas que os clientes têm que pegar para serem atendidos, que são por segmento e quando não há ninguém para ser atendido, os bancários da Área Operacional precisam levantar e ir até o senheiro retirar a papeleta para dar baixa e não se prejudicar na meta.
As denúncias não para por aí, aumentaram as metas de abertura de contas e de renegociação, dobraram as de empréstimo e as de Giro passaram de 300 mil para 1 milhão. “Qualquer meta é um absurdo para o Sindicato e essas são inalcançáveis”, ressalta Guto Filho, secretário geral adjunto do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Falta treinamento, com as mudanças nos cargos, os atendentes estão tendo que abrir caixas e não estão recebendo treinamento adequado, o que gera diferenças e outros problemas técnicos.
O movimento sindical ressaltou também que, na pior crise sanitária e colapso hospitalar da história do Brasil, o Itaú não deveria aumentar programas de metas e nem estar sendo realizadas as mudanças de estrutura que o banco vem fazendo para piorar a já grave situação dos trabalhadores que estão na linha de frente lucrando para o banco.
O banco se comprometeu a marcar uma nova reunião para responder as demandas apresentadas nesta quarta.
Fonte: Comunicação do SEEB de Santos e Região com Contraf