Encontro coletará testemunhos de trabalhadores que foram perseguidos durante a ditadura civil-militar
Os dias 27 e 28 deste mês serão de resgate histórico em Santos, além de luta por justiça e reparação para os trabalhadores perseguidos durante a ditadura civil-militar que assolou o Brasil entre 1964 e 1985. A Comissão Nacional da Verdade (CNV), por meio do Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical, realizará o Encontro Memória e Verdade dos Trabalhadores na Cidade em conjunto com a Intersindical (representada pelo Sindicato dos Bancários de Santos e Região), outras centrais sindicais da região e o Comitê Popular de Santos por Memória, Verdade e Justiça.
Um Ato Sindical Unitário acontecerá no dia 27, a partir das 18h30, e contará com falas de trabalhadores das centrais, sindicatos e representantes das comissões da verdade Nacional, Estadual, de Santos e Cubatão. Já o dia 28 será dedicado à coleta de testemunhos de trabalhadores perseguidos e familiares das vítimas da ditadura.
Os relatos serão colhidos das 9 às 18 horas no mesmo local onde haverá o Ato Sindical Unitário, no Sindicato dos Petroleiros (Avenida Conselheiro Nébias, 248 – Santos). O grupo que prepara o evento está organizando uma lista de pessoas para testemunhar, mas qualquer pessoa que tenha sofrido perseguição no período ou seus parentes pode entrar em contato com o coletivo sindical para dar seus relatos. Interessados devem mandar e-mail com nome e contatos para san.assumpcao@cnv.presidencia.gov.br .
Fórum Sindical de Debates: o "soviete brasileiro", segundo Erasmo Dias
Um dos objetivos dos eventos é homenagear o Fórum Sindical de Debates da Baixada Santista. O grupo é considerado a primeira central intersindical regional do País.
Em 1956, já no segundo mandato no Sindicato dos Bancários de Santos e Região, Antonio Guarnieri participou juntamente com outros líderes sindicais – João de Moraes Chaves (Urbanitários), João Gonçalves Neto (Condutores Rodoviários), Expedito Guedes Rodrigues (Ensacadores) e João Bernardo de Abreu Madeira (Comerciários) – da fundação do Fórum Sindical de Debates (FSD). Intersindical que agregou quase todos os sindicatos da Baixada.
O Fórum chegou a reunir mais de 50 sindicatos, participou dos principais movimentos grevistas da cidade e em várias paralisações. Seus representantes negociavam diretamente com presidentes da república como Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart.
“A linha de conduta do Fórum incluía o acompanhamento de todas as assembleias sindicais, de qualquer categoria profissional sempre que havia questões relevantes em discussão. Além disso, conseguiu organizar um esquema de apoio mútuo-financeiro, inclusive – entre os sindicatos e deflagrou greves históricas, às vezes apenas como prova de sua capacidade de mobilização e da solidariedade que se firmava entre os trabalhadores santistas”, disse o primeiro presidente do Fórum, Geraldo Silvino, no livro Sombras sobre Santos.
Crédito: Navio Prisão Raul Soares: Vários trabalhadores da Baixada Santista foram presos e torturados na embarcação que ficou atracada em Santos
Fonte: Imprensa SEEB Santos e Região