Sequência de interferências do Executivo expõe a inexpressividade e atrelamento do presidente do banco e uso da máquina pública para fins pessoais
Após ter sido avisado pelo Sleeping Giants Brasil, o Banco do Brasil havia se somado a inúmeras empresas e retirado publicidade de um site de extrema-direita, conhecido por espalhar fake news, para não ter sua imagem e nome ligados a um site que dissemina mentiras. Mas, após críticas do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), o banco voltou atrás.
É mais um caso de interferência no Banco do Brasil que mostra a inexpressividade do seu presidente e também o uso do banco para fins pessoais. Já tivemos promoção relâmpago do filho do Mourão, proibição da veiculação de publicidade voltada aos jovens, patrocínio de jantar nos Estados Unidos em homenagem a Bolsonaro e agora manutenção da publicidade em mídia acusada de disseminação de fake news favoráveis a Jair Bolsonaro. Que outras evidências de uso pessoal da máquina pública serão necessárias para se abrir um processo de investigação?
Conheça a história
O Sleeping Giants Brasil, que se ocupa de pressionar empresas para que elas não anunciem em sites que difundem notícias falsas e desinformação, publicou, na terça-feira (19), um tuite alertando o banco que publicidade do BB estava sendo veiculada no site Jornal da Cidade On Line, que tem esse perfil.
Na quarta-feira (20), o Banco do Brasil respondeu agradecendo o envio da informação, e comunicando a retirada dos “anúncios de comunicação automática” do referido site. “Repudiamos qualquer disseminação de FakeNews”, concluiu o BB em seu tuite de resposta.
Na própria quarta-feira, Carlos Bolsonaro, conhecido por comandar o “gabinete do ódio”, que virou alvo da CPI da fake news, disse em seu perfil do Twitter que o “Marketing do @BancodoBrasil pisoteia em mídia alternativa que traz verdades omitidas”.
Após a queixa do vereador, o Banco do Brasil voltou atrás e resolveu manter os anúncios no site acusado de difundir fake news. Segundo notícia veiculada pelo jornal O Globo, o recuo também se deve à interferência do secretário de Comunicações da Presidência, Fabio Wajngarten, que disse estar “contornando a situação”.
Como um banco, que se gaba de estar preparado para a privatização, que alega que seus acionistas minoritários impedem que o banco seja utilizado para políticas sociais e para a redução das taxas de juros, se permite ser utilizado para esta finalidade? Os acionistas minoritários não vão reclamar da manutenção da publicidade em site acusado de disseminar fake news? Vão querer ver a imagem do banco associada a este tipo de veículo de (des)comunicação? Ou este argumento só é válido em certas ocasiões?
Entre as empresas que já anunciaram o bloqueio de publicidade no site do Jornal da Cidade On Line após a campanha do Sleeping Giants estão o Telecine, a Dell, o Canal History e o IFood.
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Crédito: Fabiano Couto
Fonte: Contraf – 22/05/2020