Mesmo com aval da Anvisa, de que o imunizante da Pfizer é previne estágios graves da Covid, Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, criam polêmicas sobre o uso, deixando em risco a vida de crianças
Enquanto lá fora, em países como Estados Unidos, Austrália e os países da Europa já deram um passo importante para a imunização de crianças a partir de cinco aos de idade, autorizando a vacina da Pfizer, o governo negacionista de Jair Bolsonaro (PL) continua tumultuando o combate ao coronavirus no Brasil e permitindo que as vidas de brasileiros e brasileiras continuem em risco. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou no sábado (18) que a decisão do governo sobre a vacinação em crianças de 5 a 11 anos será feita, apenas, em 5 de janeiro.
De acordo com um levantamento do UOL feito com informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), desde o início da pandemia já morreram 1.148 crianças de até 9 anos pela Covid-19. O número é maior do que o total de mortes por doenças que podem ser prevenidas com vacinas no período de 2006 a 2020.
A Anvisa garante a segurança do uso da vacina da Pfizer em crianças e afirma que há evidências científicas de que o imunizante pode ser eficaz na prevenção de doenças graves causadas pelo coronavírus, mas mesmo assim, Queiroga, seguindo a mesma conduta do presidente, questiona e trava o processo de liberação.
O ministro disse, no sábado (18), que a autorização concedida pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última quinta-feira (16) não é suficiente para viabilizar a vacinação desse grupo e que é necessário fazer um debate com a sociedade.
“Quantos dias faltam em 2021? Vocês acham que têm? Quanto tempo a Anvisa demorou para dar um posicionamento sobre as doses? É preciso ser feita uma análise. A avaliação da Anvisa é uma avaliação, a avaliação feita pela Câmara Técnica do Ministério é outra avaliação. O Ministério vai discutir amplamente esse assunto com a sociedade”, disse o ministro.
Enquanto isso, Bolsonaro continua inflamando os ânimos de seus apoiadores e criando polêmicas acerca da vacinação. Em uma clara ameaça de retaliação, em suas redes sociais, na quinta-feira (16), o presidente disse ter pedido o nome dos integrantes da Anvisa responsáveis pela aprovação da vacina para crianças.
“Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas. A responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai”, afirmou. Bolsonaro disse ainda, neste domingo (19) que “não se sabe os efeitos adversos e é inacreditável o que a Anvisa fez.
Vacina salva vidas
Em entrevista ao Uol, o ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina, rechaçou as declarações de Bolsonaro. “O que ele falou é inacreditável. Os Estados Unidos, a União Europeia, a Inglaterra, Austrália, esses países todos e muitos outros já aprovaram a vacina da Pfizer para crianças. O país vai ser de novo o único a não aprovar a vacina da Pfizer? É inexplicável”, disse Vecina.
Vecina ainda afirmou que, por causa da atuação do governo, os brasileiros estão sendo cerceados no interesse de proteger a saúde das crianças e da comunidade.
“Esse sujeito, o presidente da República, junto com seu ministro da Saúde, que é um médico, está patrocinando essa mortandade. Uma criança morta é inaceitável”, disse Vecina.
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fonte: Redação CUT