A atividade é nacional e foi agendada em reunião do Comando Nacional dos Bancários diante da intransigência do BB em negociar e exigir que os funcionários retirem qualquer ação contra o banco na justiça
Os funcionários do Banco do Brasil (BB) retardam hoje, sexta-feira (19/2) o funcionamento das agências na Baixada Santista das 7h às 11h, contra o desmonte da instituição pelo governo federal. A atividade é nacional e foi agendada em reunião do Comando Nacional dos Bancários diante da intransigência do BB.
O Banco do Brasil se mantém irredutível e não aceita negociar o fim do comissionamento de função dos caixas, nem o abono dos dias de paralisação em protesto contra a proposta de reestruturação do banco (a quarta em 5 anos), que prevê 5 mil demissões, o fechamento de 112 agências, de 242 postos de atendimento e sete escritórios. Além disso, disse que poderia postergar o desmonte por três meses em troca da desistência na justiça de qualquer ação coletiva ou individual contra o banco.
“O desmonte do BB se enquadra ao desmonte das empresas públicas nacionais, a implantação do Estado Mínimo, onde o investimento em programas e políticas sociais são mínimas. A entrega do patrimônio da população ao setor privado. Uma política neoliberal onde o rico fica mais rico e o pobre vira miserável. Esta é a política de Paulo Guedes e Bolsonaro. Ao invés de preocupar-se em vacinar a população, Bolsonaro investe na destruição e entrega do Banco Central e outras 15 empresas públicas ao mercado financeiro”, diz Eneida Koury, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Importância do banco público para o Brasil
O BB é especializado em investimento no agronegócio: na pecuária, na agricultura, no pequeno e médio agricultor. Em muitos municípios, a única instituição financeira é do Banco do Brasil. Em alguns locais a população vai ficar sem atendimento. O BB é estratégico ao Brasil justamente para usar sua robustez para investir na produção de alimentos, que é uma marca do Brasil nas exportações. Com isso você gera emprego, gera renda, consegue segurar a família no campo e não aumenta o desemprego urbano.
“Já os bancos privados estão voltados para os interesses do consumidor que pode pagar. Visam apenas o lucro e não a população, geração de renda, empregos ou o país. Não têm nenhuma função social. Perdem os funcionários, clientes, a sociedade em geral e o País”, diz ainda Eneida Koury.
Lucro do BB
O lucro líquido do Banco do Brasil, em 2020, foi de R$ 13,9 bilhões. A queda de 22% em relação à lucratividade obtida em 2019 é em decorrência da antecipação, em caráter prudencial, de R$ 8,1 bilhões em provisões feitas ao longo dos trimestres. Somente no quarto trimestre do ano passado, o BB somou R$ 3,7 bilhões e subiu 6,1% em relação ao trimestre anterior.
André Brandão foi colocado para privatizar
André Brandão, que assumiu a presidência do BB no fim de setembro, veio do HSBC, para desmontar a instituição pública e entregá-la ao mercado financeiro privado.
No fim de 2020, extinguiu a primeira estatal do BB, a Bescval, incorporada à instituição em 2008, junto com a aquisição do Banco de Santa Catarina. Essa semana, o banco anunciou o desinvestimento da fatia que detinha na Kepler Weber, empresa de soluções para armazenagem agrícola.
Ainda neste semestre, o plano é vender a bandeira de cartões Elo e o BV, antigo banco Votorantim, na bolsa, e ainda selar uma parceria internacional com a sua gestora, a BB DTVM. O banco tinha 112 mil funcionários, depois de gestões privatistas e a saída de mais 5 mil ficará com 87 mil empregados.
“O Sindicato vem fazendo sua parte com protestos, plenárias, assembleias, ações na justiça e greves de 24h. Neste momento, é fundamental o apoio de todos os funcionários e funcionárias para pressionar o BB não impor mais programas de desligamento, feche agências, extermine cargos e reduza salários”, alerta André Elias, dirigente do Sindicato e bancário do BB.
Crédito: Fernando Diegues
Fonte: Comunicação do SEEB de Santos e Região