Depois de acabar com o vale-cultura, banco que incentiva a leitura para crianças nas publicidades encerra sua biblioteca virtual
A leitura engrandece a alma, escreveu o filósofo francês Voltaire. Mas sinalizando que não tem interesse de incentivar os bancários a ampliarem o conhecimento por meio dos livros, o Itaú encerrou sua biblioteca virtual. No site do banco, os trabalhadores podiam solicitar obras que eram entregues no local de trabalho. Se algum título buscado não constasse no catálogo, os funcionários tinham a opção de sugerir a compra. Mas esse serviço deixou de existir, gerando decepção em muitos funcionários.
“Solicitávamos livros pelo portal Itaú. Na ‘aba feito para mim, esporte cultura e lazer’, tinha um link. Tiraram o link e resolvemos ligar (para o banco). Informaram que foi descontinuada em 30 de dezembro. Não recebemos comunicado. Eu e amigas estamos arrasadas, porque usávamos (a biblioteca)”, relata uma bancária.
O movimento sindical cobra do banco esclarecimentos sobre os motivos que levaram à descontinuidade do serviço, além do seu reestabelecimento. Parece que o banco não tem interesse em manter benefícios que não trazem retorno financeiro.
O fim da biblioteca virtual indica que o banco adotou a mesma linha de desprestígio à cultura traçada pelo governo. Por algum tempo, o Itaú pagou vale-cultura aos seus funcionários, mas bastou o governo acabar com o incentivo fiscal vinculado ao programa para a empresa cortar esse direito que havia sido conquistado na campanha nacional de 2014.
O Itaú cobra inúmeras metas e resultados, e algumas das válvulas de escape dos trabalhadores são a leitura e o consumo da cultura para poder filtrar o pensamento no trabalho. Mas parece que o mesmo banco que incentiva a leitura para crianças nas suas publicidades quer expropriar toda a força de trabalho dos seus empregados sem oferecer nem um tipo de contrapartida de acesso à cultura”, critica Júlio César.
Fonte: SP bancários