Fila interminável no INSS é efeito colateral da reforma da Previdência de Paulo Guedes, aprovada por meio de um esquema de compra de votos no Congresso
Além de reduzir direitos e colocar o Brasil na rota do regime de capitalização, entregando aos bancos a gestão da aposentadoria no país, a reforma da Previdência de Paulo Guedes, aprovada por meio da compra de votos no Congresso, teve como efeito colateral a fila gigante no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).
Pelo menos 1,3 milhão de pedidos de aposentadoria estão parados nas filas virtuais do INSS, segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.
“Os sistemas estão inoperáveis: tudo o que foi pedido até 13 novembro, antes da reforma, está sendo analisado com lentidão, pelo volume alto de pedidos e pela falta de pessoal. O que veio após a reforma nem pode ser analisado, porque não se pensou em um período de adaptação dos sistemas após a mudança”, disse ao jornal a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Adriane Bramante.
Especialistas apontam uma confusão e a falta de preparo do governo Jair Bolsonaro para atender a demanda já prevista após a aprovação da reforma.
Em setembro, o número de solicitações de aposentadoria ultrapassou pela primeira vez a marca de 1 milhão em um mês, com 1,15 milhão de pedidos.
Para tentar zerar a pilha de processos, o governo anunciou na última semana a contratação temporária de até 7 mil militares que estão na reserva, gerando críticas de diversos setores da sociedade.
“O INSS entrou numa espiral de inoperância e agora o governo quer colocar militares para executarem um trabalho para o qual não foram treinados para fazer. Por que não contratar servidores aposentados do próprio INSS, de forma emergencial?”, indaga Moacir Lopes, funcionário do INSS há 26 anos e diretor da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps).
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Fonte: Fórum – 19/01/2020