Frustrando a expectativa do Comando Nacional dos Bancários, a Fenaban apresentou nesta terça-feira 16, na quinta rodada de negociações da Campanha 2014, apenas dados preliminares, parciais e fragmentados do II Censo da Diversidade, realizado entre 17 de março e 9 de maio. Os bancos disseram que vão discutir os dados internamente para incluir mudanças e posteriormente farão nova apresentação do estudo, conquista da Campanha 2012.
As negociações prosseguem nesta quarta, 17, sobre as pendências que ficaram nas rodadas anteriores, envolvendo remuneração, saúde e condições de trabalho, emprego, segurança bancária e igualdade de oportunidades. E na sexta,19, os bancos apresentarão uma proposta global para as reivindicações da categoria sobre todos esses temas.
Responderam ao questionário do censo 187.411 bancários, o que significa 41% de 458.922 trabalhadores dos 18 bancos que participaram da pesquisa. A categoria está dividida entre 51,7% de homens e 48,3% de mulheres.
Discriminação contra as mulheres
Os bancos não entregaram nenhum documento sobre o II Censo da Diversidade. Mas pelos fragmentos exibidos, não houve alterações significativas nas discriminações de gênero em relação à remuneração. As mulheres recebem hoje 77,9% do salário médio dos homens, apenas 1,5 ponto percentual a mais em relação ao I Censo, realizado em 2008.
Cálculo efetuado pelos técnicos do Dieese mostra que, no atual ritmo de correção das distorções, demorará 88 anos para que as mulheres bancárias passem a receber salários iguais aos homens. No Sudeste, onde a diferença salarial entre os sexos é ainda maior, demoraria 234 anos para as mulheres atingirem a mesma remuneração dos homens.
Preconceito de raça
Segundo os dados preliminares da Fenaban, o II Censo revelou que, do total dos bancários que responderam à pesquisa, 74,6% são brancos e 24,9% negros. Isso demonstra que houve aumento de bancários de cor negra nos bancos desde 2008, quando 19% da categoria assim se identificavam.
No entanto, a discriminação racial em relação à remuneração persiste no sistema financeiro, embora tenha havido uma pequena melhora desde o primeiro censo. Em 2008, o salário médio dos negros era 84,1% à dos brancos. Hoje é o equivalente a 87,3%, conforme os números informados.
Orientação sexual
Uma das novidades do II Censo foi a inclusão de uma variável de orientação sexual para medir a participação da população LGBT na categoria bancária. Do total dos que responderam ao questionário, 85,0% se declararam heterossexual, 1,9% assumiram a homossexualidade, 0,6% disseram ser bissexual, 12,4% não responderam e 0,1% assinalaram outra opção.
Os números parciais da Fenaban indicam ainda que 1,1% dos bancários que responderam à pesquisa disse ter cônjuge do mesmo sexo. Desses, apenas 38% fazem uso dos benefícios conquistados em 2009 com a cláusula de isonomia de tratamento para casais homoafetivos, como por exemplo a adesão ao plano de saúde. Os dados indicam que ainda há muitas barreiras a serem superadas na busca da eliminação das discriminações e preconceitos nos bancos.
Adoecimentos no trabalho
O Comando Nacional também retomou a discussão com a Fenaban, na terça-feira, sobre os afastamentos do trabalho, a partir dos dados envolvendo 11 municípios do país, que foram inicialmente apresentados no GT sobre Adoecimentos, conquistado na Campanha 2013.
Os negociadores dos bancos esclareceram dúvidas do Dieese sobre os dados informados e se comprometeram a enviar novos números na próxima semana.
Fonte: Contraf