Para quem não conhece, tudo ali pode ser lindo e perfeito. Porém, para os que sabem e fizeram parte da história da Torre, fica evidente que a ideia do Santander é apagar o nome Banespa.
O Santander aproveitou o aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro, e reabriu para visitação a Torre do Banespa, mas claro, com outro nome. Agora Farol Santander, o prédio foi dividido em setores para transformar-se em um centro cultural, mas cobrando uma entrada nada acessível (R$20 para o passeio completo, R$ 18 para correntistas) – diferente dos outros espaços semelhantes fundados por instituições financeiras, inclusive o seu próprio alocado em Porto Alegre.
A Afubesp foi conferir o que mudou por dentro do prédio, já que por fora nada pode ser alterado. A surpresa foi ora agradável, ora bastante decepcionante.
No que diz respeito à estrutura e tecnologia não há o que criticar. Boas estratégias foram adotadas para mostrar como era a rotina do bancário entre os anos 1940 e 1950, com mobiliário e equipamentos da época em que o edifício foi inaugurado. Interessante também o resgate histórico do planos econômicos que provocaram muitas mudanças na moeda brasileira.
Dois andares reservados para exposições temporárias, um para exposição fixa do artista Vik Muniz que reconstruiu (a partir de entulhos retirados da reforma do prédio) o cenário urbano ao seu redor, e três para resgatar a memória dessa construção tão importante que se tornou símbolo de São Paulo. Foi justamente neste ponto que o Santander errou.
Para quem não conhece, tudo ali pode ser lindo e perfeito. Porém, para os que sabem e fizeram parte da história da Torre, fica evidente que a ideia do Santander é apagar o nome Banespa, pois ele aparece em apenas um único local entre todos os andares abertos à visitação. O máximo que se encontra são menções aqui e ali ao Banco do Estado de São Paulo.
Como pode falar da história de um prédio e esquecer citar como foi conhecido, e ainda é, durante toda sua existência? Como não falar dos milhares de trabalhadores que abrigou enquanto sede do Banespa e, posteriormente, do Banesprev?
Além disso, a proibição de visitar o mirante sem pagar elitiza o espaço que sempre foi aberto à população. Sem contar que o acesso ao 32º andar não é mais permitido como antes.
Para terminar, a Afubesp registra sua indignação sobre a transformação do 25º andar em um loft para alugar por R$ 4 mil a diária. Isso não tem nada a ver com disseminar a cultura, mas uma forma clara de lucrar ainda mais.
Fonte: Afubesp