O Grupo Abril anunciou nesta terça-feira (23) a contratação de Fábio Colletti Barbosa para assumir o cargo de presidente executivo da empresa.
Barbosa, atualmente no Santander, deixará o Conselho de Administração do banco em 22 de setembro e assumirá o novo cargo no dia 26 do mesmo mês.
De acordo com nota divulgada pelo grupo, ele terá sob sua responsabilidade as operações da Abril S/A, empresa que reúne os negócios de mídia, gráfica e distribuição da Abril. Barbosa irá atuar ligado ao presidente do Conselho de Administração, Roberto Civita, e fará parte do Conselho Editorial.
“Além de ser um executivo extraordinariamente competente, Fábio é conhecido pela sua integridade, sua habilidade no trato com pessoas e seu compromisso com o futuro de um Brasil mais justo, mais desenvolvido e melhor administrado. Sua vinda fortalecerá a Abril em todos os sentidos, marca um passo importante na profissionalização do Grupo e assegura a manutenção dos nossos valores e permanente busca da excelência”, afirmou, em nota, Roberto Civita.
“Com a nova estrutura, Giancarlo Civita – que durante os seis últimos anos acumulou o comando operacional da Abrilpar com a Presidência Executiva da Abril S/A – passa a atuar como vice-chairman da Abrilpar, holding da família Civita que controla a Abril S/A (Mídia, Gráfica e Distribuição) e detém o controle do capital da Abril Educação S/A, além de uma série de outros empreendimentos”, informou o Grupo Abril.
Com saída de Fábio Barbosa, Santander cristaliza “gestão espanhola”
O desligamento completo do executivo Fabio Barbosa do Banco Santander no Brasil não é exatamente uma surpresa. Desde que, em dezembro do ano passado, foi anunciada sua saída da presidência executiva e ida para a presidência do conselho, o movimento já era esperado. Ainda que tenha sido negado reiteradas vezes, pelo banco e pelo próprio executivo, que sempre reafirmava seu compromisso com o Santander. Surpreendente, talvez, seja o seu novo destino na presidência do grupo Abril, mas essa é outra questão.
No Santander, sua saída cristaliza algo que ainda tinha percepção um pouco difusa: passada a fase crítica da integração entre o Banco Real, que era presidido por Barbosa, e as operações brasileiras do Santander, Emílio Botín, o todo poderoso do grupo Santander, resolveu “espanholizar” a gestão. Indicou para a presidência executiva um homem de sua confiança, Marcial Portela Álvarez, que até então era vice-presidente executivo do banco na Espanha e supervisionou a integração com o Real.
“Botín é extremamente centralizador”, comenta um executivo brasileiro do alto escalão do Santander, sinalizando que essa característica teria pesado para que o espaço de Fabio Barbosa no comando das operações acabasse sendo menor do que o desejado por ele.
O controle de Botín sobre o dia a dia dos negócios é tamanho que até as reuniões para aprovação de crédito a grandes empresas, por exemplo, contam com sua presença. “No ABN Amro Real, o Fabio tinha o banco na mão. Sua participação na estratégia era decisiva, diferentemente do Santander”, pontua um executivo do banco.
O aprofundamento da crise econômica na Espanha também ajuda a explicar que a matriz tenha voltado ainda mais os olhos para a subsidiária no Brasil, que já responde por 25% do lucro do grupo e foi apontada até mesmo por Botín como o motor do crescimento do banco nos próximos anos – muito embora esse desempenho ainda esteja aquém do esperado. “O peso que o Brasil tinha na estrutura, aumenta ainda mais”, pondera um executivo. “Da mesma forma, o desenvolvimento da carreira dos executivos do grupo se desloca para onde há crescimento.”
Coincidência ou não, a reestruturação promovida no alto escalão do banco em dezembro do ano passado desencadeou várias deserções. A mais notável delas foi a de José Paiva, antigo responsável pelo varejo no Santander, que deixou a organização em fevereiro. No mesmo mês, outros executivos como João Teixeira, vice-presidente de clientes de atacado, e Carlos Leibowicz, líder da área “corporate banking”, deixaram o banco.
Na mexida de dezembro, José Berenguer Neto, até então o vice-presidente do atacado, assumiu o comando do varejo. Berenguer sempre foi muito próximo a Fabio Barbosa, desde o Real, e era visto como um sucessor natural. Sua ida para o varejo é vista por muitos como uma experiência para completar sua formação e, quem sabe, prepará-lo para um dia comandar o banco. Essa possibilidade parece continuar a existir. Mas uma continuidade espanhola também não pode ser afastada.
No comunicado enviado, ontem, aos funcionários do Santander, Portela agradece a Fabio Barbosa “por tudo o que ele representa no Banco Santander Brasil e por todo o legado que nos deixa. Seu nome ficará marcado para sempre na nossa história”. Ao final da carta, avisa aos colaboradores: “Continuaremos dedicados à tarefa de colocar em prática o nosso planejamento estratégico, o Santander 3.1, e caminhar para transformar o Santander Brasil no principal banco para os seus clientes”.
Fonte: F