Os três agentes do grupo dos "Cinco Cubanos" foram libertados da prisão que estavam na Flórida e chegaram a Cuba. “Estamos orgulhosos de vocês, pela resistência que mostraram, pelo valor e exemplo que representam a todos”, expressou o presidente Raúl Castro ao recebê-los.
O Granma, veículo oficial do Partido Comunista de Cuba, dedicou a manchete da edição desta quinta-feira (18/12) com apenas uma palavra de celebração: “Voltaram!”.
Washington libertou na quarta-feira (17/12) os últimos três cubanos presos nos EUA, acusados de espionagem, em troca da libertação do norte-americano Alan Gross, que cumpria pena de 15 anos na ilha, também por motivos de espionagem.
Gross estava em Cuba, segundo o governo dos EUA, para distribuir equipamentos via satélite com o objetivo de “promover a democracia” no país. Já os cubanos estavam em território norte-americano em operações de contrainteligência. “Estamos muito emocionados, não temos palavras para expressar além de obrigado”, disse um dos cubanos libertados.
“Para mim, a maioria dos cubanos é incrivelmente gentil e generosa. Dói-me saber que eles são tratados do jeito que são por conta da relação entre os dois governos. Dois errados não dão certo”, declarou ontem Gross, poucas horas após ser libertado depois de cinco anos de prisão em Cuba.
Cinco Cubanos
Os “cinco heróis”, como são conhecidos em Cuba, foram presos na Flórida em 1998 e, três anos mais tarde, condenados pela Justiça do país por espionagem e envolvimento no abatimento de dois aviões. O próprio governo cubano reconheceu publicamente que Gerardo Hernández, René González, Tony Guerrero, Fernando González e Ramón Labañino eram agentes do serviço secreto de Cuba infiltrados nos Estados Unidos. Os cinco faziam parte de uma complexa operação batizada como Rede Vespa.
Instalados na Flórida e disfarçados de desertores do regime cubano, o esquadrão de 14 integrantes tinha a tarefa de munir Havana com informações sobre as organizações terroristas anticastristas que operavam no país.
Com o colapso da União Soviética, a ilha comunista do Caribe foi obrigada a assistir à drástica redução do seu orçamento, fortemente dependente das parcerias comerciais com os russos. Diante do período especial, Fidel Castro viu no turismo de luxo uma alternativa viável para afrouxar as contas nacionais e reverter a dramática redução do PIB.
Diante desse quadro, as organizações anticastristas de Miami não deixaram por menos. Criadas por cubanos exilados que fugiram do país após o triunfo da Revolução em 1959, todas elas tinham o objetivo explícito de lutar pelo fim do comunismo cubano e pela queda do líder Fidel Castro. Algumas delas, inclusive, não faziam questão de esconder que apoiavam e financiavam ações terroristas para alcançar o almejado fim.
Uma vez detectada a estratégia de Havana, o alvo dos milionários exilados passou a ser os imponentes resorts do balneário de Varadero, além dos pontos turísticos mais visitados da capital cubana. “A opinião pública precisa saber que é mais seguro fazer turismo na Bósnia-Herzegovina do que em Cuba”, estampavam os folhetos de algumas dessas organizações — que realizavam desde sequestro de aviões e pequenas explosões, até sobrevoos nos quais eram despejados cartazes com propaganda anticomunista pelas avenidas de Havana.
Julgamento
Após anos de operação sigilosa,o serviço de contrainteligência dos EUA acabou detectando a atuação da Rede Vespa e prendeu dez dos agentes cubanos. Metade deles fez acordos com a Justiça norte-americana e, por meio da delação premiada, pegou a pena mínima e ingressou no programa de proteção à testemunha do Departamento de Estado.
Em um longo e controverso julgamento — a cidade de Miami é majoritariamente anticastrista —, os cinco cubanos acabaram condenados pelo júri popular em 2001. Alguns anos mais tarde, Leonard Weinglass advogaria pelos cubanos. Sem sucesso, porém, o “caso dos cinco” somente se acumularia à afamada lista de causas defendidas pelo advogado: a atriz Jane Fonda, os Panteras Negras e, antes de morrer, o criador do site WikiLeaks, Julian Assange, seu último caso.
Crédito: Estudios Revolución/ Cuba Debate (17/12/2014)
Fonte: Opera Mundi