As DORT decorrem do uso inadequado e repetido das estruturas, atrelado a uma postura inadequada por ambientes inapropriados.
Um dos grandes problemas que acometem a classe trabalhadora na atualidade são as lesões por desordens ocupacionais, ou seja, decorrentes do trabalho. São denominadas Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou, como é definida pela previdência social desde 1998, Distúrbios Osteomusculares Relacionado ao Trabalho (DORT).
A DORT, pode afetar funcionários de todos os escalões em uma empresa, em suas diferentes atividades e está atrelado a fatores de riscos que desencadeiam um conjunto de sinais e sintomas que podem afastar o profissional do trabalho e até, deixa-lo improdutivo. Para se ter uma idéia, a DORT representa hoje no Brasil a segunda causa de afastamento do trabalho. Sua incidência é maior no sexo feminino, numa faixa etária economicamente ativa (entre os 30 e 40anos).
Definição e etiologia
DORT, por definição, são desordens neuro-músculo-tendinosas de origem ocupacional que acomete principalmente os membros superiores, escápulas e pescoço. As desordens decorrem do uso inadequado e repetido das estruturas, atrelado a uma postura inadequada por ambientes inapropiados.
Fatores de risco
O grupo de trabalhadores em risco de densenvolver lesões são aqueles que estão expostos a fatores de riscos, como:
Movimentos repetitivos;
Esforço e força;
Postura inadequada;
Trabalho muscular estático;
Invariabilidade da tarefa;
Choques e impactos;
Pressão mecânica;
Vibração;
Frio;
Fatores organizacionais;
Falta de tempo para as estruturas se recuperarem;
Estresse emocional e exigência de produtividade.
Apenas um fator isolado não é determinante para a ocorrência de DORT, mas sim uma combinação deles associados à sua freqüência, intensidade e duração.
Formas clínicas
As formas clínicas mais conhecidas, por serem as mais incidentes, são:
Dedo em gatilho, Doença de De Quervain ; Síndrome do túnel do carpo ou ulnar; Epicondilite lateral; Epicondilite medial; Bursites e Cervicobraquialgias.
Quadro clínico
Os sintomas e sinais clínicos podem ser enquadrados em quatro estágios e se referem, resumidamente em:
Primeiro estágio –
Sensação de desconforto e peso no membro afetado;
Ainda não interfere na produtividade;
Melhora com repouso;
Sinais clínicos ausentes.
Segundo estágio –
Presença de dor e com persistência durante a atividade;
Redução da produtividade;
Sensação de formigamento e calor;
A recuperação demora no repouso;
Presença de nodulações na bainha muscular.
Terceiro estágio –
Dor forte e persistente;
O repouso apenas atenua a dor;
Perda da força muscular e parestesia;
Sensível queda da produtividade;
Edema freqüente e recorrente;
Alterações da sensibilidade da pele.
Quarto estágio –
Dor contínua, insuportável;
Perda evidente da força;
Perda do controle de movimento;
Edema persistente;
Atrofia por desuso;
Atividades da vida diária bastante prejudicadas;
Depressão, ansiedade, angustia.
Diagnóstico
É essencialmente clínico, baseado na história da doença, na análise da atividade profissional e no exame físico detalhado da estrutura envolvida (inclusive os testes específicos). Exames como eletroneuromiografia também pode ser requisitado.
Tratamento preventivo
O tratamento da DORT deve ser voltado, principalmente, na sua prevenção por ser uma forma de controle e por acarretar menor custo social. Baseado nisto, várias campanhas explicativas estão sendo feitas para conscientizar a população para os fatores de riscos causais e até mesmo, com identificar e repelir o problema. Um espaço ergonomicamente adequado para o trabalho, a reeducação dos movimentos, pausas para descanço e adoção de um programa de atividades físicas são medidas que podem ser incorporadas à jornada de trabalho com finalidade preventiva e de qualidade de vida.
Tratamento clínico
Uma vez estabelecida a DORT, o tratamento deverá ser realizado através de medidas médicas ( medicações antiflamatórias ) e fisioterápicas tendo o indivíduo um redirecionamento da sua função ou até mesmo em estágios avançados, um afastamento do trabalho.
Fisioterapia
A fisioterapia tem um papel muito importante no tratamento da DORT desde a fase de agudização dos sintomas clínicos até a reeducação da atividade e ergonomia do ambiente de trabalho. Na fase aguda, compreendendo os estágios clínicos citados, a conduta será direcionada para tratar os sinais e sintomas presentes, como: dor, edema, hipotrofia muscular ( diminuição de força e encurtamento muscular ), alterações de sensibilidade (hipoestesias ou hipestesias ). Contudo, esta conduta interage apenas com as conseqüências da DORT, a sua causa só será mesmo atacada quando os fatores de risco forem anulados em conjunto com uma reeducação de sua atividade no meio de trabalho.
Conduta Fisioterápica
O que abaixo será explanado diz a respeito de uma conduta de tratamento para os sintomas que geralmente estarão presentes. Contudo, é válido salientar, que cada caso é um caso assim, particularidades vão existir e a conduta não segue-se a uma receita para todo mundo.
Em primeiro lugar, o segmento acometido deverá receber repouso através de imobilizações do tipo órteses de posicionamento. Este tipo de imobilização, por ser móvel, permite o repouso desejado sem inibir o movimentos e assim menor hipotrofismo.
A dor é a queixa mais incidente e responsável pela má utilização do segmento afetado ( com dor, a pessoa tende a não usar o segmento para não haver piora e assim levando a um hipotrofismo muscular ) . Crioterapia por bandagens e TENS (burts) estão indicados nesta fase aguda para tratamento da dor.
Edema é outro sinal presente, limitador dos movimentos que pode ser mole e evoluir para duro quando não tratado. Para tanto, o calor produzido pelo ultrassom pode ser uma alternativa eficiente associado com estímulos de movimentos ( bomba muscular tem ação na reabsorção do líquido extrvascular ). A massoterapia está contra indicada na fase aguda devido aos intensos sinais flogísticos.
À cinesioterapia deve ser iniciada o quanto antes possível e deve ser direcionada tanto para o segmento envolvido propriamente dito como também, para as outras estruturas associadas ( ex: uma lesão tipo síndrome do túnel do carpo, pode Ter além do punho e mão envolvida, o braço e a cintura escapular também). O reequilibro muscular é o objetivo obtido através de exercícios de flexibilização e força. O trabalho de força inicialmente pode ser obtido com uso de correntes de contração como FES associado aos movimentos ativos livres. Porém, os movimentos ativos são almejados e iniciados o quanto antes ( de acordo com o quadro clínico ), ao qual deve evoluir para ativo resistidos.
O trabalho de sensibilização ou dessensibilização é feito quando alterações somestésicas estão envolvidas e até mesmo como forma propceptiva. O mesmo pode ser feito através de buchas, escovas e chumaços de algodão na pele acometida.
A reeducação dos movimentos como todo deve ser feita e nesta introduzida as atividades da vida diária e do trabalho.
Caso clínico
Paciente do sexo feminino, 35 anos, apresentando dor ao nível do cotovelo ( dor referida ao nível do epicôndilo lateral ) , edema local presente, não agüenta pegar objetos de peso. Teste do tenista e Mill positivos.
RESPOSTA
Trata-se de uma epicondilite lateral onde os músculos e supinadores e extensores dos dedos e punho estão envolvidos ( resposta obtida pelos testes positivos ).
O tratamento consistirá de panquecas de gelo para dores ( inclusive em casa ), ultrassom para o edema e também para as dores, alongamentos da musculatura do antebraço como um todo ( principalmente os que já estiverem com grau de encurtamento ) bem como, exercícios ativos livres e, quando possível resistidos.
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Fonte: interfisio.com.br
Escrito por: Patrícia Vieira Fernandes