No primeiro dia da greve, 6/9, em Santos 90% da categoria aderiu. Nas demais cidades da Baixada Santista as paralisações atingem 70% das agências
Bancários e bancárias estão revoltados com os patrões banqueiros que oferecem reajuste de 6,5%, que representa apenas 68% da inflação (INPC projetado em 9,57%), e um único abono de R$ 3 mil. A greve nacional e por tempo indeterminado começou forte neste primeiro dia (6/9) na região.
“A data-base dos bancários é 1º de setembro. Usar a crise como desculpa para não cumprir a reivindicação de aumento de 14,78% (inflação + 5% de reajuste) é desrespeito com os trabalhadores, já que no ano passado os cinco maiores bancos brasileiros lucraram quase R$ 70 bilhões! O lucro é 16,2% maior que o alcançado em 2014”, diz Eneida Koury, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Na proposta apresentada pela Fenaban, no dia 29/8, há também uma armadilha para os bancários: O abono salarial de R$ 3 mil que enfraquece salários e tem a intenção de desmobilizar a categoria. Os bancários devem lutar por reajustes digno e condições de trabalho.
A perversidade do Abono Salarial
“O abono é uma estratégia utilizada pelas empresas para achatar os pisos de ingresso e não recompor o poder de compra dos salários, com o objetivo claro de acumular lucro”, afirma Ricardo Saraiva Big, secretário geral do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
De acordo com Big, vale ressaltar que o abono reflete de forma negativa e produz perdas sobre o 13° salário, férias, INSS, FGTS, PLR, sendo que após um ano não existirá mais e as perdas inflacionárias persistiram nos salários. O valor apenas resolve os problemas imediatos do mês. E sendo assim, os bancos não contabilizam a quantia na folha seguinte.
Bancos lucram com crise e sem crise
“Como sempre acontece nas campanhas salariais, os bancos alegam que a crise os atingiu. Porém, os lucros bilionários provam que não há crise para os banqueiros. A crise afeta sim a categoria bancária sobrecarregada, cansada e assediada por metas e demissões. Exigimos um reajuste salarial digno, melhores condições de trabalho, fim das demissões e mais contratações. Para isso, é fundamental a mobilização dos bancários e das bancárias para fazermos uma forte campanha salarial, que deverá ser uma das mais duras dos últimos anos”, ressalta Eneida Koury.
Além da questão do reajuste, outros pontos da pauta da categoria foram menosprezados pelos banqueiros durante as rodadas de negociação.
Principais reivindicações da Campanha Salarial
Reajuste salarial: reposição da inflação (9,57%) mais 5% de reajuste;
PLR: 3 salários mais R$8.317,90;
Piso: R$3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último);
Vale alimentação no valor de R$880,00 ao mês (valor do salário mínimo);
Vale refeição no valor de R$880,00 ao mês;
13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$880,00 ao mês;
Melhores condições de trabalho com o fim das metas e do assédio moral que adoecem os bancários;
Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas;
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários;
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós;
Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários;
Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Fonte: Imprensa Seeb Santos e Região
Escrito por: Gustavo Mesquita