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Em 30 anos, será inviável continuar pagando planos de saúde

11 de dezembro de 2012

Com base nos reajustes médios praticados no mercado, comprometimento de renda do consumidor para pagamento de plano de saúde aumentaria 66% em três décadas, aponta estudo do Idec

Os planos de saúde continuam a ser corrigidos acima da inflação, ampliando ainda mais o distanciamento das mensalidades e da recomposição de renda do consumidor baseada no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do País.
 
A relação entre o reajuste dos planos de saúde, tanto os individuais quanto os familiares, e a inflação acumulada entre os anos de 2002 e 2012, apresentou um aumento de 38,12%, segundo um levantamento realizado pelo Idec. Se essa diferença entre os índices continuar a mesma pelos próximos 30 anos, o consumidor ficará impossibilitado de continuar pagando um planos de saúde. 
Projetando a diferença dos índices para as próximas três décadas, as mensalidades serão corrigidas em 163,49% acima do IPCA.
 
Por exemplo: um consumidor com 30 anos de idade que paga em seu plano individual R$ 210,07 por mês (valor ilustrativo do plano individual de uma grande operadora), com renda de R$ 3.000 por mês, compromete 7% de seus rendimentos para honrar seu compromisso com a empresa. Se forem mantidas as condições de reposição salarial e as regras atuais de reajuste dos planos de saúde, quando esse consumidor completar 60 anos, terá, primeiramente, mudado de faixa etária, e seu plano de saúde terá sofrido um acréscimo de 296,79%.
Além desse aumento, se aplicado o reajuste de 163,49% acima da inflação no período, seu plano passará dos R$ 210,07 para R$ 2.196,28, o que representaria 73,21% de sua renda, e inviabilizaria o pagamento do plano de saúde. Vale ressaltar que essa projeção é baseada na diferença entre os reajustes de planos e a inflação dos últimos dez anos, não sendo necessário, assim, estimar a inflação do período.
 
O Idec realizou essa mesma simulação em 2010. Na ocasião, o índice de reajuste da ANS acumulado no período entre 2000 e 2010, apresentava um crescimento de 31,36% acima da inflação. Na época, a diferença projetada para os 30 anos apontava um comprometimento de renda de 54,12% da renda do trabalhador. Os resultados do último levantamento indicam que o reajuste dos planos individuais e familiares vem se distanciando ainda mais em relação ao IPCA, pois em apenas dois anos, essa diferença cresceu em mais sete pontos percentuais.
 
“A simulação leva em conta somente o reajuste dos planos individuais/familiares, que são regulados pela ANS e representam cerca de 20% do total dos mais de 48 milhões de consumidores de planos e seguros de saúde no País”, lembra a advogada do Idec Joana Cruz.
 
“Caso a projeção se concretize, a destinação de mais de 70% da renda de um consumidor ao pagamento do plano de saúde configura uma obrigação excessivamente onerosa, o que, de acordo com o CDC, é prática abusiva e passível de anulação pelo Poder Judiciário”, completa.

Fonte: Idec

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