Após o escândalo que gerou a queda de Pedro Guimarães, o banco prega “humanidade”, mas dobrou a meta de venda de diversos produtos, o que pode “escravizar” empregadas e empregados; até o novo produto “Caixa pra elas”, criado para tentar amenizar impacto negativo sobre imagem do banco, é utilizado como estratégia de vendas
As empregadas e empregados da Caixa Econômica Federal continuam denunciando assédio, mesmo após a mudança na gestão do banco. Segundo os representantes sindicais dos empregados, a nova presidente, Daniella Marques, veio com discurso humanitário, depois do assédio investigado pelo MPT e outros órgãos policiais, mas na prática duplicou metas de vendas de produtos.
Depois de promover lives nacionais e regionais para orientar a venda casada de seguros, cartões de crédito e outros produtos bancários, para clientes que contratarem financiamentos habitacionais e empresas que utilizarem recursos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), agora o banco iniciou uma ação voltada às mulheres, o “Caixa pra Elas”.
Segundo o banco, o “programa Caixa pra Elas é uma iniciativa para auxiliar as mulheres do Brasil, em especial as de baixa renda, a se tornarem protagonistas de suas realizações, com oferta de pacote de valor especial, promoção de educação financeira e empreendedorismo e, ainda, proteção e apoio à mulher em condições de vulnerabilidade”.
Vender pra elas
“A presidente da Caixa está utilizando da negativa repercussão do assédio sexual praticado pelos seu ex-presidente (Pedro Guimarães) segundo várias empregadas, para alavancar uma ação de marketing e amenizar os impactos sofridos com o escândalo”, reflete Élcio Quinta, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Ao invés de dar celeridade e colaborar com as investigações, Daniella Marques utiliza a pauta das mulheres como estratégia de vendas.
Discriminação pra elas
Além de criar oportunidades para o assédio contra as empregadas e os empregados, o programa “Caixa pra Elas” faz distinção de tratamento entre as possíveis clientes. Mulheres de baixa renda serão direcionadas ao ‘espaço Caixa pra Elas’, enquanto as com uma remuneração mais alta serão atendidas pelos gerentes, sem misturar com as demais.
Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil
Fonte: contraf