Taxa no país sobe para 13,3% da força de trabalho no segundo trimestre, de acordo com a Pnad Contínua, elaborada pelo IBGE. Número de brasileiros ocupados recua 9,6% e cai para 83,3 milhões de pessoas. Trata-se do menor contingente da série estatística
Com os efeitos da pandemia pelo novo coronavírus, o Brasil encerra o segundo trimestre de 2020 com taxa de desemprego de 13,3%, maior do que o trimestre anterior, quando era de 12,2%, quantidade recorde de desalentados e o menor número de pessoas com carteira assinada da série histórica, iniciada em 2012, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE. Apenas entre março e julho, o setor privado demitiu 2,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada.
O número de desocupados (12,8 milhões), no entanto, ficou estável em relação ao trimestre anterior (12,9 milhões). Isso ocorreu, porém, devido ao crescimento da quantidade de trabalhadores que desistiram de procurar emprego durante a pandemia, o chamado desalento. De acordo com o levantamento, o número de pessoas ocupadas caiu 9,6% no período, ou seja, uma redução de 8,9 milhões. Como isso, a população total ocupada no Brasil recuou para 83,3 milhões de trabalhadores. Comparado a 2019, esse total aponta 10,5 milhões a menos.
Segundo o IBGE, a população fora da força de trabalho (77,8 milhões de pessoas) também é a maior da série, iniciada em 2012: subiu 15,6% (mais 10,5 milhões de pessoas) em relação a março e aumentou 20,1% (mais 13 milhões) frente a igual trimestre de 2019.
No dia a dia, a população sente os efeitos da pandemia. Francisco de Oliveira, 45 anos, microempresário, mora na Cidade Ocidental, em Goiás, mas fazia eventos no Distrito Federal. É chefe de cozinha e dono de um buffet. Em março, devido ao isolamento social, vários eventos foram cancelados. “Agora estou dependendo dos R$ 600 do auxílio emergencial ou de algum extra, quando consigo vender marmita”, disse. Ele vendeu vários equipamentos, devido à falta de recursos, e ainda está desempregado. “Por mês, meu rendimento era de R$ 5 mil a R$ 6 mil. Por isso, tenho buscado outras alternativas para conseguir pagar as contas”, explicou.
Andreia Santos, 44 anos, trabalhava como assistente no departamento pessoal de uma distribuidora de produtos automotivos em São Bernardo dos Campos (SP). “Em novembro, faria quatro anos no departamento. Então, quando começou a crise, as demissões aconteceram, mesmo com a empresa faturando. Penso que era mais o medo do futuro”, disse. No primeiro instante da pandemia, a filha de Andreia teve suspeita de covid-19, e ela foi afastada por 15 dias.
“Logo depois dos 15 dias, me deram férias. Quando voltei, só demorou um mês e me demitiram no início de junho”, contou. Hoje, ela se sustenta com o dinheiro do seguro desemprego.
Fonte: Correio Braziliense