O soul – e sua alma –, bem como o início da chamada black music brasileira, está em “Tim Universal Maia”, caixa recentemente lançada pela gravadora Universal, que reúne os 14 primeiros anos da carreira de um dos mais importantes artistas nacionais em oito clássicos discos (preço sugerido: R$ 160).
Além de objeto de colecionador, o novo box de Tim Maia representa um renascimento de seus álbuns, há anos fora dos catálogos – e lojas – do Brasil. Do período de 1970 a 1984, foram selecionados os seis primeiros discos de Tim, todos com título que leva apenas seu nome.
A eles, juntam-se “O Descobridor dos Sete Mares”, de 1983, e “Sufocante”, de 1984. Canções clássicas, como “Primavera”, “Azul da Cor do Mar” e “Gostava Tanto de Você” estão no pacote, que fica completo com o DVD “Tim Maia in Concert”, gravado em 1989.
À caixa, que traz todas as músicas remasterizadas, faltam bônus. Todas as capas e contracapas, no entanto, são originais, lembrando história e momento musical do país. Morto em 1998, o cantor de voz poderosa continua vivo entre as gerações.
Tim Maia – 28/09/1942 – 15/03/1998
Pai da soul music brasileira, Tim Maia começou na música tocando bateria, mas logo passou para o violão. Em 1957, fundou no bairro carioca da Tijuca o grupo de rock Os Sputniks, do qual participaram Roberto e Erasmo Carlos. Em 1959, foi para os Estados Unidos, onde estudou inglês e entrou em contato com a soul music, chegando a participar de um grupo vocal, o The Ideals. Em 1969, foi chamado para gravar em dueto com Elis Regina a sua composição “These Are The Songs” no disco da cantora. A projeção rendeu um convite para um LP, “Tim Maia” (1970), que obteve grande sucesso graças às músicas “Primavera” (de Cassiano) e “Azul da Cor do Mar” (de Tim). Nos anos seguintes, mais discos e mais sucessos, como “Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)”, “Réu Confesso”, “Gostava Tanto de Você” (Edson Trindade). Em 1975, convertido à seita Universo em Desencanto, gravou os dois volumes “Tim Maia Racional”, por sua própria gravadora, a Seroma. No ano seguinte, estava de volta à Polydor e ao repertório secular. Mais sucessos seguiram: “Sossego” (do LP “Tim Maia Disco Club”, de 1978), “Descobridor dos Sete Mares” (faixa-título do LP de 1983, que também trouxe “Me Dê Motivo”) e “Do Leme ao Pontal” (de “Tim Maia”, 1986). Descontente com as gravadoras, Tim retomou a idéia da editora Seroma e da gravadora Vitória Régia Discos, pela qual passou a fazer seus lançamentos. Regravado por artistas do pop (Paralamas do Sucesso, Marisa Monte), Tim retribuiu a homenagem gravando “Como Uma Onda”, de Lulu Santos e Nelson Motta, que foi grande sucesso nos anos 90, juntamente com seu álbum ao vivo, de 1992. De Jorge Ben Jor, ganharia o apelido de “síndico”, na música “W Brasil”. Ao longo da década, Tim gravaria discos de bossa nova (um deles com Os Cariocas) e de versões clássicos do pop e do soul (“What a Wonderful World”). Em 1998, no show no Teatro Municipal de Niterói, que seria gravado para um especial de TV, o cantor sentiu-se mal, vindo a falecer uma semana depois. No ano seguinte, seria homenageado por vários artistas da MPB num show tributo, que se transformou em disco, especial de TV e vídeo.
Fonte: E